2006-09-24

LEITURAS DELICIOSAS


“Travesuras de la niña mala” , Vargas Llosa no seu melhor, brindando-nos com uma história de um peruano da diáspora que nos faz reviver todo o balanço de uma época quer para o Peru distante e visto pela perspectiva de um velho democrata, quer para a Europa presente e o mundo, enquanto nos narra as desventuras de um amor bizarro, para que pensemos quão estranhas são as expressões que aquele assume, mas também para que possamos reflectir como são sinuosos e contraditórios os caminhos da verdade e da justiça. Uma leitura deliciosa que nos faz desejar o encanto de a ela regressar e acreditem que me apeteceu recomeçar quando terminei.
“La niña mala” revela-nos a maturidade de um escritor de grande quilate, com ritmos narrativos que jamais enfadam o leitor e cheio de uma maneira solta de dizer em linguagem que sem ser rebuscada não deixa de ser preciosa; uma obra-prima.
Uma leitura a não perder. Para quem possa ler em castelhano, a fazer desde já. Para quem queira esperar pela tradução –seguramente acontecerá, pois há editoras que têm publicado as obras anteriores do Autor que praticamente está integralmente traduzido para a língua de Camões, cuja memória muito bem poderia ter sido objecto da dedicatória deste que é o último romance de um mestre maior da literatura mundial- o aviso aqui fica para que a agenda registe.

A edição da “Alfaguara” (Madrid, 2006), tem na capa uma fotografia de Morgana Vargas Llosa. Cá para mim trata-se das mãos e da caneta daquele mágico herdeiro de Cervantes.

Boa leitura para todos.

Luciano França

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É verdade, Mário Vargas Llosa é um grande escritor e seguramente dos maiors vultos vivos da literatura mundial.
Espanta-me como ainda não ganhou o Prémio Nobel.

23:21  
Anonymous Anónimo said...

Curiosamente também li este último romance do muito bem apelidado Mestre Llosa. É de facto uma obra prima e lido na língua original mantem o ritmo das expressões que nos faz ver as figuras humanas contando as suas peripécias ou enquanto os intérpretes de determinadas situações. É simplesmente sublime, pelo muito que revela numa afirmação tão curta, aquele "Pero era verdad." para responder à perplexidade de um ajudante de cozinha, emigrante e desenraizado, em Paris, passou tão rapidamente a uma figura do movimento revolucionário mundial.
Já tinha achado "A Fiesta del Chivo", uma obra só ao alcance dos maiores romancistas mas esta, pela pujança, a serenidade com que se olha a tragédia da vida, enfim, pela maturidade e a sabedoria reveladas ésem dúvida nenhuma algo que será lido enquanto houver Humanidade tal como a conhecemos.
Concordo com o Sr. Pedro Marques; não se compreende como Mário Vargos Llosa ainda não recebeu aquele que todos consideram o máximo galardão da literatura mundial.

22:50  

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