O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Vem aí mais uma saleirada.

O Ministério Público decidiu reabrir o processo de António Saleiro, ex-Presidente da Câmara Municipal de Beja e actual deputado socialista que respondeu com maus modos mas não abdicou da imunidade parlamentar que, por ora, o protege.

Quem será o próximo Vitorino deste imbróglio? Cá para mim vamos ficar a saber um pouco mais do que graça a coberto do consulado de António Guterres.



Mas esta terra de saleiros
onde os valores valem nada
nos poderes só restam dinheiros
e a mão desavergonhada.



É possível que o Engenheiro Fernando Gomes venha a ser novamente candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto. Será a prova de que a actual classe política não tem qualquer defesa em relação a certos poderes obscuros. Ele representa uma das piores facetas que pode haver num povo, a cultura da inveja e do nepotismo, para a qual a ética é matéria-prima de anedota sem que nada limite a voracidade dos interesses.

Não tenhamos dúvidas que até dois mil e quatro, uma vez que o banquete será farto, o futebol será a imagem de marca do nosso mundinho político. Depois disso, se ainda houver União Europeia, seremos o tio preguiçoso e pobretana a que muitas boas famílias pedem que se barbeie e lave antes de lhe suportarem a presença no jantar. Caso contrário, repetiremos Salazar neste século.



Ontem à tarde tive a companhia da Margarida na piscina.

Claro que já não nadei tão descansado quanto o tenho feito até aqui. Mas tive a compensação de juntar ao prazer físico a boa disposição anímica.

Temos tão pouco tempo das nossas vidas para estes momentos de ternura.

E como é engraçado vê-la resolver as suas dúvidas e incertezas e a superar os seus medos.


E o pai pato impado quando a cria esboçou bracejares fora da asa protectora.


Escusado seria dizer que ela tratou de se despir e vestir sozinha, no balneário que lhe compete.


Para a semana há mais.



Depois de um Inverno de água mil a Primavera começa pela continuidade.
A diferença é que escurece mais tarde o que se acentuará a partir de hoje com a mudança da hora.



E o país é que parece levado na água de uma invernia rigorosa.
Esta tarde, algures no Norte, uma enxurrada arrastou árvores no descontrolo, abalroou e arrastou cinco camiões tir que circulavam numa estrada, provocando com isso um acidente fatal para alguns dos condutores.


Mas não terá sido o mau tempo que esteve na origem de um despiste de autocarro na noite de ontem, no IP3, de que resultaram catorze mortes e mais de duas dezenas de feridos.
E já não há respeito por nada nem por quem quer que seja. Um secretário de estado tratou logo de correr para o local.

Para fazer o quê?



George W. Bush, o novo Presidente norte-americano, parece estar de acordo com uma recondução de Kofi Annan como Secretário-Geral das Nações Unidas.
Ainda bem. Coisa que os antecessores não conseguiram ser, especialmente no que se refere a Perez de Cuellar e Butros Butros Ghali, revelando-se simultaneamente um homem realista e sensato, Kofi Annan não deixou de representar uma voz dos mais pobres e tem-se imposto como uma das consciências da humanidade, mormente na necessidade de preservação dos equilíbrios naturais.

É claro que há mentes muito inteligentes capazes de vislumbrarem na ONU apenas o monstro burocrático que está para lá das cimeiras.
Só lamento a minha distracção ou ignorância que me têm impossibilitado de lhes conhecer o pensamento no domínio das alternativas.



E do lado de lá das vidraças, a noite tem o compasso da chuva.

Alhos Vedros
01/03/25
Luís F. de A. Gomes