2006-11-11

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

UMA JANELA NO CÉU
Esta manhã, por entre o gigantismo do cinzento que encobria o céu e se desfazia líquido, no chão, havia uma janela azul, pequenina, mas tão saliente.

E eu parei o carro para ver.



A Margarida, em certos aspectos da sua personalidade, faz uma pessoa engraçada.
Daquele género de quem se preocupa com o devir, lá interpreta lamúrias que só lhe trazem angústia e penar sempre que as piores hipóteses se lhe apresentam plausíveis.

“-Então, é uma coisa que pode acontecer.” –Contrapõe, polegar esquerdo na boca e cabeça inclinada para mirar os rostos mais elevados, em contraponto com as faces das serenas e sorridentes desmistificações que os pais introduzem naquilo que, eventualmente, a preocupe.

Esta pardaloca nunca sai de casa sem recomendar uma boa meia dúzia de vezes para que a Dona Rosário não se atrase, ao meio-dia, quando tem que a esperar para o regresso que o almoço inpõe.

“-Quando eu sair tu já estás onde eu te possa ver. Prometes?”

E no entanto é uma criança que revela autonomia quanto baste.



Cá pelo burgo prevalece a diabolização de Israel com os palestinianos no papel de vítimas.
Enfim… Talvez se trate da velha solidariedade entre os pés rasos, pois para que o delírio seja completo já só falta que alguém venha acoplar ao Hamas a defesa da liberdade e dos direitos individuais.
No “Público”, mais duas cartas de leitores com a ladainha dos massacres perpetrados pelos judeus –a generalização é deliciosa- ou de que são responsáveis; do outro lado, claro, há uma brancura imaculada.
Mas é uma patetice assimilar o comportamento dos israelitas ao dos nazis.
Tal e qual, e estou certo que o Senhor Jorge Cardoso será capaz de desmascarar a nova solução final. (1)



Ai que maravilha, um livro de André Malraux que iniciei esta tarde.

Trata-se da narrativa de uma viagem, no deserto arábico, em busca da arqueologia da cidade bíblica da Rainha de Sabá.
Lamentavelmente, a tradução é uma lástima, mas ainda assim se antevê o encanto com que o Autor escreve. Até parece que vemos o deserto a partir do avião que os aventureiros usaram para chegarem ao destino. (2)

De Malraux escreveu Jean Grosjean no prefácio:
Fazer só para dizer e dizer unicamente o que se faz.” (3)

Bonito, não é?



Agora que a chuva se calou, a noite deixa que os grilos falem.



Esta manhã, os alunos começaram por arrumar as caixas dos materiais.
Nessa tarefa, a Margarida ofereceu-se para recolher os trabalhos dos colegas.
Depois iniciaram uma ficha sobre figuras geométricas –rectângulos e triângulos- que só acabaram de tarde.

Amanhã há saída; passeio ao parque das salinas.
Ontem tomei conhecimento e dei a conveniente autorização escrita.



E no Porto que no próximo ano será capital europeia da cultura, no âmbito do que se organizarão realizações que, segundo os responsáveis, não se querem elitistas, o museu de imprensa está em vias de encerrar.



Eurico Guterres, líder das milícias Aitarak, deve ser julgado pelo Tribunal Internacional de Haia.

Em Timor Lorosae ainda não existem instituições para o efeito e na Indonésia dificilmente haverá um processo livre e justo.

Mas o homem não passa de um criminoso comum.

__________
(1) Cardoso, Jorge, p. 11
A HISTÓRIA REPETE-SE NA PALESTINA?
(2) Malraux, André
A RAINHA DE SABÁ
(3) Grosjean, Jean, p. 11
PREFÁCIO

Alhos Vedros
00/10/11
Luís F. de A. Gomes

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Com a vossa licença...
Cá está a minha pessoa vagueando por este agradável espaço, ao qual pretendo voltar muitas mais vezes. Gostei dos temas, gostei do ambiente, gostei pronto. Sem duvida os homens são crimosos da mais comum índole.

22:18  

Enviar um comentário

<< Home