2006-12-05

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

O PADRINHO
Basicamente a Margarida é boa pessoa.
Ainda que criança no pleno sentido do termo, é capaz de fazer uso do intelecto e manusear a razão para distinguir o certo do errado, tomando por adquirido que todos merecem respeito, assistindo-lhes o direito –salvo seja a expressão- de levar a vida que acham melhor para si. Ora entre uma via e a outra ela sabe escolher a primeira e, tanto quanto deixa transparecer, na maioria das vezes compreendendo não só as circunstâncias e factores de uma desta opção, com também o fundamento moral da preferência. Em conformidade, naturalmente age de forma cordial e amistosa para com os outros e, claro está, não é só saber que não deve fazer mal a ninguém, é o agir, com toda a normalidade, sem que tal seja sequer uma possibilidade.
Em certa medida é uma menina egoísta, quer dizer, é muito ciosa quanto aos seus gostos e posses e não é raro vê-la atribuir-se de prioridades face a outrem. Chega a chorar em casos de impotência irremediável e, geralmente, as cedências só acontecessem depois de muitas insistências ou quando se tratam de conquistas das outras partes. No entanto, não me parece nada de alarmante. Provavelmente até será vulgar, especialmente nestas idades. Seja como for, aceita partilhar pertences de que gosta ao ponto de se desfazer de brinquedos para ofertar, o que faz tanto espontaneamente com quem possa cair-lhe no gosto, como por sugestão da tutória.
Aliás, sublinhe-se que muitas das vezes em que ela manifesta as maiores doses de arrebatamento, fá-lo mais pelo seu feitio de quem tudo trata pelas pontas dos dedinhos, amiúde se revelando incapaz de controlar os receios que algo se perca ou se estrague. É preciso que ganhe confiança em alguém para que tais reticências se desvaneçam.
De resto é uma personalidade alegre e bem disposta, com sentido de humor, muito concentrada no desenrolar do seu sentido quotidiano ainda que seja capaz de desatar a correr à desgarrada e no enlaço do vento que leva os cabelos no seu afago.
Ainda que não tomando nem dando confianças no primeiro encontro, trava conhecimentos e faz amigos com facilidade e o seu primeiro código de comunicação é a brincadeira.
Escusado será dizer que não mente e –aqui talvez por causa da idade- ainda não aprendeu a ocultar a verdade.
Por tudo isto eu digo que esta minha querida filha com que Deus me abençoou é, basicamente, boa pessoa.


Hoje contou que andou a trocar cartas da electricidade que encontrou do lado de fora das caixas do correio. Estão mesmo a ver, os lábios arreganhados e a testa franzida pelo compasso de quem narra uma brincadeira.
Não foi por me ter rido que a minha autoridade diminuiu coisa que, diga-se com verdade, não aconteceu.
Mal lhe fizemos compreender as consequências possíveis da gracinha, sem deixar de gozar a piada, foi a primeira a dizer que não deveria repetir a façanha.



E digam lá que não é serena a vida de quem, depois de um dia de trabalho, pode dispor de duas horas de leitura, enquanto espera que as filhas tenham aula de ginástica.

Com o prémio suplementar de nem ter que tratar das mudanças de roupa que os piolhinhos já dão conta do recado.


É por estas e por outras que eu sou um homem feliz.



O sul de Espanha assolado por tempestades devastadoras e eu ainda em manguinha curta.



Questionado sobre as diferenças entre as suas propostas e as do candidato concorrente, George W. Bush foi peremptório:
“-There is a big diference. He trust in government. I Teust in you.”
Mas será mesmo assim?


Avaliando pelos resultados da economia, Bill Clinton, apesar de todos os escândalos e pressões que se viu forçado a enfrentar, até foi um bom Presidente.
Nunca os americanos estiveram tão bem nem a sua liderança mundial foi tão solidamente incontestada.

Ao nível das novas tecnologias e da produção científica, o lugar de topo da sociedade norte-americana é bem testemunhado pelo número de prémios Nobel que os cientistas daquele país arrecadaram.



Curiosamente, o homem quer selar a sua presidência com um feito internacional, a ver se não fica nos anais pelos casos de saia mas por algo de politicamente palpável e consistente.
Depois de concluir que no Médio Oriente não há nada a fazer, só assim se explica o seu empenho na reaproximação das duas Coreias –recorde-se que o Nobel da paz foi atribuído, precisamente, ao Presidente da Coreia do Sul- e a visita que a Secretária de Estado, Madeleine Albreight, fez, ontem, a Piongiang, onde assistiu à comemoração do aniversário do paraíso na terra, uma festa imponente, com milhares e milhares de figurantes, num país que há dois anos alimenta as suas populações pelo recurso ao auxílio internacional que, apesar de tudo, não consegue evitar alguns milhões de mortos pelo efeito da fome.



A Professora continuou a ler a história da menina, a Mena, e depois fizeram exercícios com a palavra menino. Isto de manhã, pois à tarde brincaram com plasticina. A Margarida fez um desenho.

O TPC do dia constou de repetições dos números um, dois e três e respectivas palavras e na escrita, por cinco vezes, da palavra menino. E o nome, é claro.


Talvez seja impressão minha, mas parece-me que a mãozinha já vai mais ligeira e habilidosa.


É um encanto ver aquele coração a encher uma folha com palavras.



Mais um tiro num barco de três canos.
Mário Cristina de Sousa é acusado de ter comprado acções da recente emissão da EDP.O homem é só o Ministro da Economia.

Até que Guterres caia ou beije o anel de gente sinistra.

Alhos Vedros
00/10/25
Luís F. de A. Gomes