2007-01-02

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

UM DOMINGO EM FAMÍLIA
Sábado trabalhoso
Domingo de repouso.


Um dia levrinhante também é um bom pretexto para esticarmos as pernas na sala e, depois, o “Full House” é uma companhia tão agradável.


E a verdade é que as miúdas também apreciam as brincadeiras no lar, embora não tanto as arrumações a que aquelas obrigam.



Ontem, enquanto a Margarida esteve na catequese, houve compras matinais a que se seguiu uma ida ao parque da Baixa da Banheira para assistirmos ao voo de muitos papagaios e às subidas e descidas de um balão que as minhas filhas experimentaram.
Após o almoço, quando me apetecia descansar, acompanhei a mais velha para que ela gozasse um pouco do uso daqueles brinquedos voadores.
Assistimos à montagem mas não fomos capazes de lançar; nem a habilidade nem o vento ajudaram.

À noite foi o relaxe espiritual num recital de cânticos religiosos do século quinze ao século dezoito, na matriz da Moita.


Regressada a um lar quentinho, a família dormiu feliz.



A propósito das comemorações dos vinte e cinco anos da independência de Angola, o Presidente do país fala de perdão para aqueles que têm feito a guerra injusta (sic). Estará o próprio englobado na designação?
O certo é que nos últimos dois anos temos assistido a um esforço bélico por parte do governo para derrotar os guerrilheiros da UNITA, ao mesmo tempo que ocorreram todo o tipo de aliciamentos e pressões sobre os membros desse movimento que foram eleitos para o parlamento, para que denunciassem a direcção de Jonas Savimbi e criassem um outro partido, com o mesmo nome, mas mais cordato face ao status quo de perpetuação de Eduardo dos Santos e do MPLA no poder. E o jornalismo livre e independente é preso e julgado, à boa maneira dos processos de Moscovo do estalinismo e, se a protecção internacional não permite a aniquilação física, pelo menos, silenciado.
E as armas continuam a falar alto e o povo, esse morre de fome e miséria, a mais indizível miséria humana.

Quanto a mim, a tragédia angolana também se deve à falta de coragem da diplomacia portuguesa e ocidental, em geral, para, desde os acordos de Bicese, apostar forte na sociedade civil e em forças políticas alternativas, exteriores à lógica da guerra.
Com as devidas salvaguardas e proporções, tivemos uma situação paralela no nosso país, quando o entendido Kissinger desdenhava dar crédito político a Mário Soares, nas elevadas temperaturas da revolução que se seguiu ao golpe de onze de Março. Tivesse o secretário de estado levado a melhor, tivesse o Ocidente posto as cartas nas forças mais comprometidas com o antigo regime para, numa lógica primária da guerra-fria, travarem os comunistas e, provavelmente, hoje seríamos uma espécie de Roménia ibérica, a braços com uma transição cultural para a qual faltam, mais que os meios, os actores certos para levarem a bom porto sem o cortejo de depauperados à mercê da mais selvagem das explorações.


Provavelmente são as mesmas razões que sustentam o drama moçambicano, onde, na quinta-feira passada, à sublevação proposta pela RENAMO, partido com acento parlamentar, o governo respondeu com a polícia do que resultaram mais de uma dezena de mortos e um número consideravelmente mais elevado de feridos.


Há qualquer coisa de errado no lado certo do mundo.


E por falar em mundo desenvolvido, os bem pensantes e o politicamente correcto persistem em não querer ver que o estado de Israel poderia –e eu não duvido que desejaria- contribuir de modo fulcral para o desenvolvimento de todo o Médio Oriente dado ser uma ilha num mar de tiranias mais ou menos disfarçadas.

No Qatar, a cimeira da Organização da Conferência Islâmica toca a reubir contra os israelitas.



Depois de histórias e problemas infantis, construções e sessões de jogo do ganso, as gatinhas caíram no sono.
Amanhã começa uma nova semana de trabalho.



Deus abençoe este lar.

Alhos Vedros
00/11/12