2007-01-13

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HISTÓRIA DA TERRA ENCANTADA
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É verdade.
A distância da translação terrestre é apropriada para que o Sol aqueça a Terra da forma conveniente. Parece que pelo acaso de colisões cósmicas, o nosso planeta adquiriu a inclinação que lhe conhecemos e que aquele movimento mantém e por isso o aquecimento é diferencial, variando em função da latitude, isto é, diminuindo da faixa central para os pólos, com isso, durante uma parte do ano aumentando as temperaturas num dos hemisférios, repetindo a operação para a semi-esfera antípoda ao longo da outra metade da anuidade. Assim, nas zonas temperadas existem meses de máximas e mínimas temperaturas, intervalando, entre si, com outros em que se verifica o aumento ou a diminuição dos valores das temperaturas médias. É isso que materializa o Verão ou o Inverno, a Primavera ou o Outono.
Mas é uma constância desse aquecimento ou, se quiseres com mais precisão, a expressão desse aquecimento que confere o bom peso ao oceano atmosférico em que se abriga a vida; isto nem falando na dinâmica física que tais índices térmicos provocam naquele sistema.
Ah sim, nem sempre a nossa atmosfera teve a composição actual, mas sempre foi o calor que manteve a pressão nos valores propícios ao aparecimento e expansão dos organismos vivos.
Claro, já o tinha dito, o ar também é importante nesta questão do aquecimento pois é nele que o calor se consubstancia ou, se preferires, é aí que ele se armazena. A superfície do planeta, em si, devolve praticamente toda a quantidade recebida. É o ar que mantém esse tal mínimo de calor necessário aos ecossistemas terrestres.
Lá estás tu com as tuas perguntas. Porque é que não esperas pelo fim da história e indagas depois? Seria mais fácil, não? Mas seja e em boa verdade se diga que não é difícil perceber o porquê dessa propriedade da atmosfera da Terra reter o calor. O facto é que há gases que o fazem melhor que outros. Aqui, as proporções entre eles permitem médias térmicas que conhecemos e experimentamos. Em outros planetas sólidos não é assim. Tanto Marte como Vénus são rochosos, à semelhança desta nossa casa cósmica e ambos possuem atmosferas. No entanto, a escassez de bons retentores fazem as elevadíssimas amplitudes térmicas do primeiro, ou sejam, as grandes diferenças entre os valores máximos e mínimos, o que por sua vez provoca aquele aspecto de mar de pedras e areias que tem a sua superfície. Trata-se do efeito da destruição das rochas pela acção da termoclastia isto é, a alternância entre o calor e o frio que ali chega a atingir a ordem das centenas de graus centígrados. Ao invés, pela preponderância exagerada –salvo seja o epíteto- de gases que retêm bem o aquecimento, o ambiente do segundo é verdadeiramente infernal. É um caso de efeito de estufa sem canais de escape.
É o nome que se dá justamente ao fenómeno de retenção do calor atmosférico junto à superfície do planeta.
Pois bem, em Vénus, para além de permanentes, as elevadíssimas temperaturas são suficientes para derreter chumbo. Não é impressionante?
Estás a ver como o ar também é importante?