2007-02-11

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

PUNHAIS PARA CÁ PUNHAIS PARA LÁ

Um Acto de Cidadania” é um pequeno livrinho em que reúno artigos que, nos últimos sete anos, fiz publicar no quinzenário local, “Notícias da Moita”. Desde cartas ao director a uma coluna que acompanhou o último ano e meio de vida do jornal, ali se juntam as peças que foram dadas à estampa e que, directa ou indirectamente, ainda não tinham sido objecto de ordenações anteriores.
No conjunto é um trabalhinho simples e sem pretensões que, é certo, nada traz de novo ao global da minha produção literária de carácter analítico, muito embora por lá se apresentem algumas ideias que foram desenvolvidas ou serviram, de alguma forma, como ilustrações em outros textos. No global da minha actividade, trata-se de uma publicação marginal que tão só pretende expressar um testemunho, o da minha participação cívica, mesmo reconhecendo e admitindo quão singela ela é.
“Um Acto de Cidadania” é, pois, isso mesmo, a prova material do meu empenho em intervir na comunidade a que pertenço e onde nasci e cresci. Neste sentido, tendo presente que, afinal, todas estas palavras se inscrevem na(s) linha(s) de pensamento com que tenho conduzido a sequência dos meus livros, é este um volume em que registo a aplicação dos meus apetrechos de cientista social –perdoem-me a pompa do termo- ao voluntariado de intentar contribuir para a vida social do meio em que vivo.
É que o(s) desiderato(s) de um projecto ficcional como Sebastião Sorumenho não podem ser mera conversa fiada.
Para o querido leitor –sempre me arrogando da vaidade de o ter- é o desejo de lhe colocar à disposição o máximo de material para crítica. Só assim a obra poderá ser conhecida, pensada e avaliada.
O que de principal se pode apreender em “Um Acto de Cidadania”? Justamente o que o título indica. O exemplo de como um cidadão pode dizer de sua justiça.



Dentro de horas Al Gore reconhecerá a sua derrota nas eleições para a presidência dos Estados Unidos.
George W. Bush será o próximo Presidente.
Provavelmente, o seu mandato está desde já marcado pela dúvida quanto à credibilidade da sua vitória e não vejo que a pessoa em questão tenha o carisma ou a sapiência necessárias para que possa evitar e convencer a outra parte do eleitorado que não lhe ofereceu o benefício do voto e muito menos que seja capaz de uma performance que o habilite a resistir ao desgaste que o exercício do poder sempre traz em potência.

O meu veredicto é que daqui a quatro anos será outro o ocupante daquele cargo de tão grande potência mundial.

Aventurar-se-à Hillary Clinton na corrida?

Well, with her husband it hapenned the first time for a womam on the state secretary charge.
But shall be not to soon for sometihng like that?



Ah, ontem esqueci-me de registar que a Margarida, como é habitual, às terças-feiras, teve, uma vez mais, a aula de educação moral e religiosa católica, o que aconteceu pelo fim da manhã. Fizeram recortes para montarem o presépio.



Aí está, há tiros sobre o porta-aviões.
Na primeira oportunidade, o lobbie do Porto não hesitou e atirou a matar sobre a figura do Primeiro-Ministro. Claro que não será desta que o governo cairá; provavelmente, nem mesmo será essa a intenção. Também não acontecerá ainda o beijo do anel. Mas as pernas já estão flectidas e o mais certo é que a cabeça do titular da pasta dos desportos seja servida a alguém numa bandeja de prata.
Será uma curiosidade ver como Guterres enfrentará um amalgamado de gente que sabemos capaz de tudo.

Que poderá resultar da luta entre um beato com vocação para o mando e aqueles que disso se querem apropriar, sem que o bem comum seja para aí tido nem achado?


Não duvido que o Porto 2001, depois de concluído o extenso cartaz de espectáculos, sairá muito mais caro que o previsto; quanto ao Euro 2004 nem se fala e estejam atentos às contas do novo estádio das antas; e muito mais coisas do género que seriam morosas de estar aqui a enumerar.


Vem tudo isto a propósito das declarações de Fernando Gomes na comissão parlamentar de inquérito ao caso da fundação para a prevenção rodoviária.
Disse o homem qualquer coisa como isto. Não autorizara o financiamento público daquela instituição que lhe parecera duvidosa por lhe aparentar o propósito de ser uma forma de certos gastos ficarem fora do controle legal do estado, coisa que considerou eticamente reprovável; e que sim senhor, o Primeiro-Ministro sabia de tudo.

Não sei se o mais confrangedor será a esperteza saloia do testa de ferro ou a sua desfaçatez.
Então ele acha possível argumentar desta forma, depois de um secretário de estado, sob sua tutela –que é suposto ser não só da sua confiança como dever o lugar a convite seu- ter promovido uma organização daquelas sem que tenha sido demitido em acto contínuo.


Não admira que Armando Vara, o visado, tenha respondido que se tratou de mera e mesquinha vingança pessoal de alguém que podia e devia ter mandado investigar o caso e não o fez. E acusou-o de ainda estar despeitado por ter sido demitido na anterior remodelação governamental.
Por sua vez, António Guterres vai devolver a ameaça e pediu uma audiência ao Presidente da República.


Aguardam-se os próximos capítulos.



Dois dos países mais pobres do mundo, a Eritreia e a Etiópia, assinaram ontem um tratado de paz que pôs fim a uma guerra que já produziu uma centena de, milhar de mortos e mais de um milhão de refugiados.
Sob a supervisão das Nações Unidas seguir-se-à uma demarcação de fronteiras.

Mais tarde se fará uma nova guerra.



Cimeira das Nações Unidas sobre a luta contra o crime organizado.
Propõem-se medidas legislativas para facilitar o combate e dificultar as acções mafiosas.

Eu não tenho dúvidas que é aí que reside o perigo principal para o nosso modo de vida, tal como o conhecemos.
O futuro não é incompatível com o regresso a uma espécie de feudalismo com tecnologia de ponta e as tiranias, pelo contrário, são perfeitamente compatíveis com os poderes mafiosos. Estou tentado a dizer que estes só se mantêm através daquelas.



Hoje os alunos tiveram uma grande variedade de exercícios, como foi o caso de um em que tiveram que formar as palavras certas a partir de sílabas baralhadas que depois tiveram que ilustrar e ainda aquele em que voltaram a unir as designações aos objectos respectivos ou as leituras que fizeram no livro dinâmico.
À tarde houve trabalhos com plasticina e a visita do Sr. Padre Carlos que distribuiu um desenho do presépio para os alunos colorirem.



Parece que a co-incineração vai avançar.
Pena que o mesmo não aconteça com outras medidas concorrentes para o tratamento e destruição dos lixos mais perigosos.



Amanhã a Luísa levará as miúdas ao circo.



Atendendo às circunstâncias nem outra coisa seria de esperar.
Nem o nosso jornalismo intriguista o permitiria.

É claro que a oposição pegou nas balas de Fernando Gomes e vai de disparar sobre o Primeiro-Ministro.


Curiosíssimo foi o comentário de António José Teixeira a este imbróglio, ontem à noite, aos microfones da TSF. Nem uma palavra sobre o homem do norte e, para além de minar a primeira reacção de Guterres, que aludiu a uma campanha para desacreditar a sua seriedade, sublinhando que ninguém tinha posto isso em causa –“-Nãooooo!!!”- fez tempo de antena a desancar o chefe do executivo, com acusações veladas para aqueles que o rodeiam. Terminou defendendo que Guterres deverá responder perante a comissão parlamentar que, após declarações do ex-ministro da administração interna e dos desportos, decidiu convocá-lo para prestar esclarecimentos.
Não sei se as palavras daquele comentador não serão um bom indicador de quem sairá por cima neste braço de ferro. É que há aqueles que sempre souberam ler a direcção dos ventos e aproveitar-lhes as energias locomotoras.

Alhos Vedros
00/12/13
Luís F. de A. Gomes