2007-04-01

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HISTÓRIAS DA TERRAS ENCANTADA
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Pois é, lá está mais uma vez a relação entre a Terra e o Sol que proporcionou os condicionalismos para que isso acontecesse. Já o sabemos, é dela que dependem as temperaturas que dão as pressões adequadas a que haja água no estado líquido onde, tudo o indica, este espectáculo começou. E oh que show. Digamos que nada mais que o éden que os primeiros humanos puderam ter ao seu dispor.
Ah e quase que me estava esquecendo. É que daquela combinação entre a Terra e o Sol ainda há a luz, a luz solar que tem funções primordiais em toda esta história da propagação da vida.
Nem mais nem menos, a luz que, por mais incrível que pareça, também serve de alimento.
É verdade. Há certos organismos que se alimentam com as radiações solares, além das plantas que a partir da absorção da luz solar transformam o dióxido de carbono que inspiram, no oxigénio que expelem, com isso participando nos ciclos de tão importantes gases da nossa atmosfera e sem os quais esta nossa conversa não teria lugar. Àquela função dá-se-lhe o nome de clorofilina.
Mas não nos adiantemos. Vejamos primeiro a questão da água, sem a qual, tudo aponta nesse sentido, também não estaríamos aqui.
Ninguém sabe como aconteceu mas parece que foi nos primeiros oceanos, provavelmente pouco profundos, foi aí que moléculas de ADN surgiram envoltas as estruturas unicelulares que conseguiam reproduzir-se sob a forma de cópias do original.
Bem, ADN significa ácido desoxirribonucleico e trata-se de uma molécula que, tal como o nome indica, esta instalada no núcleo da célula, melhor será dizer que é sua parte integrante e é responsável pela transmissão das características genéticas dos organismos o que faz por via dos genes que são uma espécie de componentes mínimas daquele filamento.
Ora estes tijolos mínimos da vida formaram-se nas circunstâncias terráqueas a partir de elementos químicos que tanto tinham de indígenas como alienígenas, pois há componentes que nos podem ter chegado do Cosmos, quer livres e por si, quer à boleia de cometas e meteoros e outros fenómenos do Universo.
E alhures apareceram células capazes de digerirem outras, começou a predação e a alimentação e a outra grande alteração foi o começo da reprodução sexuada.
As teorias científicas não o sabem explicar e até podem nunca chegar a sabê-lo, aceita-se, por ora, que tal acontece por mutações casuais bem sucedidas, pois não é difícil concluir que essas células tiveram os louros da eficácia reprodutiva; combinavam genes, misturavam informação genética e originavam seres mais capazes de se adaptarem às diferentes densidades e temperaturas das águas, sendo, por isso, aqueles que mais e melhor se alimentaram e maior descendência legaram.
O tempo destes acontecimentos é diferente do nosso, aqui consideramos uma escala de milhões de anos. Deves ter presente que a Terra tem uma duração que é quatro mil vezes e meia o valor dessa unidade.
Também terá sido na água que algumas estruturas apresentaram a tal prodigiosa habilidade clorofílica, ou seja, o conseguirem absorver o dióxido de carbono e expelir oxigénio.
Assim foram surgindo organismos cada vez mais complexos e agora que a geologia tem toda uma parafernália de outras ciências e métodos e tecnologias que lhe permitem sondar e identificar o passado mais distante desta crosta rochosa, a avaliar pelas cíclicas extinções em massa de espécies e até ecossistemas, tudo indica que a fixação das primeiras formas de vida nas superfícies emersas foi um processo relativamente rápido. Mas, ao que parece, foi sob as águas que ganhou forma a primeira fauna não protozoária.
Quer, dizer neste caso, seres não compostos por apenas uma célula. Mas estava eu dizendo, foi sob as águas que essa primeira fauna pluricelular se expandiu e que, a avaliar pelo testemunho do xisto de Burguess, terá sido substituída ainda antes da colonização continental.