2007-04-10

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

PARABÉNS AVOZINHA
E lá passou mais um fim-de-semana que pela minha parte foi inteiramente dedicado a “Um Acto de Cidadania” pelo que o descanso se foi por um canudo. Mas fica a preia-mar da alma e ainda tive tempo de, já no estremunhar da noite, me distrair com uma entrevista de Miguel Vale de Almeida, na revista do “Diário de Notícias”.


E sobretudo tive o ensejo de aprender com tanta argúcia, como aquela que afirma que dizer-se “(…) que o racismo é o resultado da existência de raças é estar a sancioná-lo.” (1)
É engraçado. Mesmo que não se entenda se o que se pretende é compreender o fenómeno ou simplesmente observar-lhe a realidade –ou não realidade, como é o caso.
Talvez por isso é que o Conde Gobineau nunca definiu o conceito de raça. Mas não deixou de defender as raças puras. Seja como for, é claro que tal ideologia apareceria sempre, mesmo que não existissem quaisqueres diferenças quanto ao aspecto dos humanos. Pois é.
É óbvio que o conceito de raça é isso mesmo, um conceito que, por sinal, as mais recentes investigações nos domínios da Antropologia Física e na constelação científica que ali converge têm vindo a pôr em causa. Mas isso é a construção do conhecimento na actualidade e a génese do racismo está lá atrás. Hoje sabe-se que as diferenças acontecem no interior de uma mesma população e que não há forma de identificar os elementos físicos que permitam sustentar a noção em causa. Mas não há como negar que as diferenças são empiricamente observáveis –e cientificamente explicáveis- e que foram elas que levaram Gobineau a falar da degenerescência das raças.
Dizer que a noção de raça resulta do racismo é repetir uma evidência, mesmo admitindo, como o poderemos fazer, é claro, que sem aquela seria possível a este justificar-se através de um qualquer outro conceito aplicável ao outro. Afinal, o racismo começou sem um tal conceito. Nem mais.

Estranhamente, o entrevistado, num texto escrito, usa o conceito de raça para identificar grupos humanos.
Isto não é para rir, o homem é investigador, professor, claro que também é doutor na matéria e tudo a nível superior, pelo que a sapiência não pode ser questionada.

Pena que fique uma pergunta no bolso:
“-Então o que explica o racismo? Ou então o que explica que se tivesse chegado ao conceito de raça?”


O lusitano universitariamente correcto tem destas coisas.



Aposto que em breve assistiremos a um qualquer desafio de Saddam Hussein ao novo poder americano.

A resposta de uns dependerá da ousadia dos outros.
E não sei porquê, mas há qualquer coisa que me diz que será Israel a pagar as favas.

Duvido é que Saddam e acólitos sejam capazes de resistirem ao desejo cego de se vingarem.


E eu peço a Deus que tenha piedade de todos nós.



É tão enternecedor ver a vida florir.



Esta tarde só a Matilde quis ir à ginástica.

E eu só tive uma hora para o retrato de ser português que é –pelo menos até ao momento- o segundo volume das “Reflexões de um Burguês” de José Rodrigues Miguéis.



A Margarida parece ter recuperado dos aguaceiros que por aí possam ter andado.
Terminou o medicamento e todo este dia esteve bem disposta e cheia de vivacidade.

E o apetite voltou ao normal.



Hoje os alunos aprenderam uma palavra nova, mamã.

“-Estás a ouvir pai? Mamã, não foi mama.”
“-Então onde é que está a diferença.”
“-Oh pai, no til, claro!”

À tarde os alunos foram chamados a escreverem palavras no quadro.
E lá veio o trabalho para casa.



E agora vou fechar os olhos e deixar-me voar na imaginação de Verdi.



Ontem a minha mãe fez sessenta e sete anos de idade. Telefonei-lhe para os parabéns.
O mesmo fez aquela que a desmamou, como se repete desde sempre, e agora já com a bonita idade de oitenta e quatro anos.

Não é uma ternura?

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(1) Vale de Almeida, Miguel, p. 14
ENTREVISTA A FERNANDA CÂNCIO

Alhos Vedros
01/01/22
Luís F. de A. Gomes


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Vale de Almeida, Miguel- ENTREVISTA A FERNANDA CÂNCIO
In “Notícias Magazine”, nº. 452 de 01/01/21