2007-04-06

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Afinal Laurent Kabilá foi mesmo vítima de um atentado na sequência do qual terá falecido em Harare, capital do Zimbabwé, para onde fora levado na esperança de tratamento. Ainda correram rumores sobre a possibilidade de ter sobrevivido, as autoridades demoraram a comentar e a admitir os factos, mas agora já se sabe que o ex-rebelde que rapidamente se assenhoreou do poder absoluto e compensou familiares e acólitos, sucumbiu àquilo de que ainda não se conhecem os contornos.
Por agora, o filho foi nomeado –de modo arbitrário e imperial- o sucessor. Duvido que se aguente pois muito dificilmente será homem capaz de criar e firmar fidelidades nas forças armadas. A não ser que interesse à coligação estrangeira que tem tropas estacionadas no Congo –Angola, Namíbia e Zimbabwé. Nesse caso, a questão estará em saber se o homem servirá ou não para marioneta.


Infelizmente, penso eu, diz-me a intuição que vem aí mais um novo banho de sangue.



Ainda no decurso da minha vida, assistiremos à recolonização africana por parte de populações oriundas da Europa.



É curioso como a brincadeira treina o mundo dos adultos.


Neste Natal, a Matilde recebeu um serviço de chá de porcelana, como prenda do tio Miguel. É um brinquedo completo, com as chávenas e os pires, os pratinhos para os bolinhos e o bule e nem mesmo falta o recipiente para o leite e, seria imperdoável, o açucareiro.

E ela gosta muito de brincar com isso, ora para servir os seus bonecos a quem, umas vezes, chama de filhos para, em outras, os apelidar de amigos ou alunos, conforme as personagens que ela própria assume.
Esta tarde, por exemplo, enquanto eu passava, para a disquete, as páginas do meu último livro, esteve a servir-me os préstimos de um café, ora para me trazer chá com torradas, ora para me atender o pedido de uma bica. Trouxe para o escritório um móvel de casa de banho que, em tempo, lhe ofereci, para o qual encontrou a função de balcão de apoio.
E eu sorri ao reparar que ela tinha as louças bem arrumadas nas prateleiras, com os pratos agrupados e empilhados por tamanhos e as chávenas bem alinhadas noutra plataforma, o mesmo sucedendo com os bules e o potezinho de açúcar.

“-Meu senhor, boa tarde. O que deseja?”



A Margarida é que parece estar a ser fustigada pela febre que nos parece dever-se a especturação acumulada nos brônquios.
Como no Sábado vãos ao pediatra, para a rotina, aproveitaremos para deixar a deixar ficar em casa amanhã. Não revela dificuldades de aprendizagem e sempre se seguirão três dias em que poderá repousar. E é de esperar que o Médico lhe receite qualquer paliativo que a faça recuperar a boa forma na próxima semana.

Quando regressei da labuta do ganha-pão, estava amorrinhada no sofá queixando-se com frio.



E hoje de manhã os alunos começaram por fazer cópias e depois de lerem frases no quadro, procederem à execução de um ditado em que a minha querida filha não deu qualquer erro.
À tarde houve leitura e exercícios com palavras e frases.



A chuva e o vento
arrepiando as poças de água
sob as luzes dos candeeiros.

Alhos Vedros
01/01/18
Luís F. de A. Gomes