2007-04-14

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Ser pai também é sentir o carinho de aconchegar os anjinhos enquanto dormem, como o derradeiro acto de quem se deita em acto contínuo.



Hoje houve fichas de Matemática, duas, sobre o número seis que só terminaram no turno da tarde, mas de manhã também fizeram uma cópia.

E nada de trabalho para casa.



Dadas as melhoras da Luísa que desde ontem de manhã não tem febre, a Margarida, no regresso da escola, já trocou a casa da avó pelo seu espaço próprio e com a cereja que é a companhia da mãe.



Esta tarde parei o carro para ver, num céu cinzento, no horizonte do sapal, um bando enorme de gaivotas salpicando as cores de um arco-íris.



E a ventania continua a levantar as cortinas que deixaram o consulado de Miterrand sobre a boca do palco.
Agora é a vez de Roland Dumas ser acusado de envolvimentos pouco claros, se não mesmo ilícitos, em casos de tráfico de armas e influências.
São as ondas de choque do processo que arrasta o filho do ex-Presidente.

Não deixa é de ser engraçado verificarmos que onde estes personagens surgem, sempre aparecem as amantes e os palácios e a vida de corte.

Pour le peuple, bien sure.



E por cá continuamos no mundo dos Gouvarinhos e quejandos. Lá veio o Coelho dizer que não senhor, nunca o Presidente soube de nada no caso do urânio.

É esta a interpretação que os nossos dirigentes têm da responsabilidade, obviamente, na circunstância, política. Sejamos justos, no entanto, mais não se trata que o bem português abanar o capote.



Por contraste, da Jugoslávia, a juíza Del Sol regressou sem os mandatos de captura, mas trouxe na bagagem a recusa das autoridades de Belgrado –onde o novo governo foi empossado- de extraditarem Milosevic por crimes de guerra e contra a humanidade.

Continuo sem perceber se estamos perante o caminho para a democracia se na senda de uma qualquer nova forma de totalitarismo.



E Angola
chorosa de guerra
faminta de paz
assiste à tragédia do reforço do poder dos beligerantes.



A noite exala um bafo morno condizente com as calmarias que antecedem as fortes chuvadas.

Alhos Vedros
01/01/25
Luís F. de A. Gomes