2007-06-05

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A Margarida é uma criança engraçada.
É capaz de antever e imaginar os perigos o que a leva a ter uma reacção de recusa apriorística de novos desafios. Mas tem consciência do que se passa e consegue expressá-lo com clareza a acutilância. Ainda no dia da última aula de ginástica ela me contou os receios de fazer certos exercícios que eu procurei dirimir, explicando-lhe que tal era natural, eu mesmo os tinha sentido pela mesma idade e que só a prática e o passar dos anos nos permitem ultrapassar tais situações para o que é sempre necessária a nossa força de vontade para o atingir.
O mesmo se terá passado no Sábado, quando, depois de vários vou e não ou, finalmente optou por me acompanhar.
E uma vez verificado que, afinal, pouco há a recear, foi uma alegria vê-la saborear o prazer que os movimentos no meio aquático nos podem proporcionar.

E agora não se cala com a nossa próxima lição.



Mas a grande novidade do dia é o facto de a Margarida, pela primeira vez, ter ido para a escola sozinha.


Não se assustem que é tão só o pardalinho a usar asa própria em redor do ninho. A escola fica a meros duzentos metros da nossa casa, virando à esquerda, ao fundo da nossa rua e a mãe ensinou-a a seguir o caminho reduzindo ao mínimo, concretamente a duas, as travessias do asfalto. Mas é claro que ficamos com o coração nas mãos, acontece é que somos capazes de encarar racionalmente a questão e, por isso, ao almoço, usufrui da alegria da excitação da aventura, contada com todos os pormenores.

Pode parecer cedo de mais mas talvez não seja tanto assim. Ela é uma menina responsável e perfeitamente capaz de tomar os cuidados necessários para evitar problemas. Está pronta a enfrentar mais um passo na direcção da autonomia. Afinal, queremos formar uma pessoa livre.


Deus nos acompanhe e ilumine com as suas infinitas bondade e sabedoria.

Somos um país tão medíocre que uma entrevista de Pinto da Costa é notícia televisiva, para destacar a opinião do senhor sobre assunto tão sérios como… A regionalização.

E então não é que a falta de vergonha e a subserviência chegaram ao ponto de lhe abrirem o microfone para atoardas do género de afirmar que se as regiões fossem uma realidade ter-se-ia evitado a catástrofe de Castelo de Paiva?
De algo eu não tenho grandes dúvidas, é que os dinheiros que os poderes regionais facultam aos clubes de futebol, na Madeira e nos Açores, seriam uma pequena brincadeira com a mamadeira que tal personagem encontraria no seu tão idolatrado Norte que ninguém sabe definir muito bem o que é.



O exército macedónio é que não esteve para conversa fiada e desatou a bombardear posições dos grupos armados albaneses, aparentemente com sucesso.
As partes verborreiam acusações mútuas de segregação e o Ocidente, envenenado por um olhar relativista e cínico, não tem engenho nem ânimo para apostar forte na coexistência e na convivência.


Pois o vento de leste ainda trará o exemplo das ditaduras, como a que se está a formar na Rússia, um ano depois de Putin ter chegado ao poder.



Hoje os alunos fizeram uma cópia e desenhos de manhã, dedicando a tarde a trabalhos manuais com a realização de uma pasta para guardarem fichas e exercícios pictóricos.



Começou a época do ano em que eu não chego de noite a casa.

Alhos Vedros
01/03/26
Luís F. de A. Gomes