2007-08-02

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HISTÓRIAS DA TERRA ENCANTADA
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Antes de responder a essa boa pergunta que, devo dizer, possibilitará um bom começo para abordarmos esta parte do assunto, mas antes disso devo dizer-te que dividirei em duas partes a exposição dos antecedentes que possibilitaram a formação da teoria tectónica das placas; na primeira irei até Wegener e na segunda farei o caminho que a partir dele acabou por levar ao esclarecimento que o interior da Terra é composto por matéria incandescente foi intuído por James Hutton, de que já te falei e partiu da observação dos materiais que saem do interior do vulcões. É claro que hoje em dia possuímos dados mais precisos e podemos avançar com induções mais sofisticadas. Já imaginamos um núcleo interior mais quente e composto pelos metais mais densos, como o ferro e o níquel, envolto por uma massa amalgamada e fundida de materiais rochosos e metálicos e mineralizados que interagem com uma mistura de água e gases que suporta as placas tectónicas e simultaneamente as separam daquele manto em estado de fusão. No entanto, a ideia de um interior hiper-quente e fluído teve o seu tempo de amadurecimento. O mesmo se passa com o facto dos continentes se mexerem.
Olha, aqui até há um outro episódio caricato que à longa caminhada dos saberes científicos diz respeito. E contrastando com aquela aragem aventureira e gostosa que aludi, este foi um acto sem final feliz, em que o protagonista acabou sem honra nem glória.
Alfred Wegener foi um cientista alemão que morreu na década de trinta, no decurso de uma expedição ao Pólo Norte, com a finalidade de realizar experiências e observações metriológicas. Faleceu esquecido depois de ter visto ridicularizada, pelos seus pares, a ideia que anteriormente todos os continentes estiveram numa só parcela de terrenos emersos.
Exactamente, era o que os seus críticos argumentavam; não havia forças capazes de fragmentar e mover os continentes. Ninguém conseguia imaginar que isso fosse possível. Mas o nosso Wegener teve essa intuição.
E como é que tal aconteceu? Ele havia uma mão cheia de problemas apenas solucionáveis se fosse verdade que diferentes continentes estado unidos num passado remoto. E além disso não é demasiado imaginativo verificar que há um encaixe entre determinadas silhuetas continentais.
É um bom exemplo. Vejo que és boa observadora. A saliência da América do Sul ajusta-se quase perfeitamente à concavidade, digamos assim, da costa africana.
Os tais factos misteriosos eram rochas semelhantes e com as mesmas idades em continentes diferentes, assim como cadeias montanhosas com aparentes continuidades em duas massas continentais distintas. Mas também havia o caso de diferentes animais em terras que hoje estão separadas e o mesmo acontecendo com certas espécies de plantas.
Só que os geógrafos, os paleontólogos e os geólogos não lhe deram ouvidos e como Alfred Wegener não foi capaz de justificar factológica ou experimentalmente a deriva continental…
Não. Ainda não estavam descobertas as provas da grande argúcia do homem. E ele lá acabou por falecer durante uma das muitas expedições que realizou ao longo da sua vida de cientista.