2007-09-08

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A Margarida é muito engraçada. Acho piada ao entusiasmo com que ela antevê certos acontecimentos e como as expectativas de imediato se traduzem em verdadeiros planeamentos do evento que vão aos pormenores de prazeres retirados das eventuais brincadeiras.
Ainda esta tarde, a propósito do convite para uma festa de aniversário, no próximo Sábado, começou a prever os festejos futuros dos seus oito anos –será a dois de Fevereiro- e tratou logo de anunciar as convidadas, apenas meninas pois com a visita da madrinha, com o bebé, os rapazes, dada a sua maior propensão para o disparate –as palavras são minhas, é claro- serão de todo incompatíveis com um ambiente que, ainda que festivo, deverá respeitar o necessário repouso do lactente primo.

Mas vê-la com o seu ar sério que tão espontaneamente se enche de alegria, sob o efeito de uma ideia, é tão, tão, enternecedor.



Fernando Gomes anunciou a sua candidatura à Câmara do Porto. Justificou-se com uma resposta a um chamamento da cidade.
Seria bonito se perdesse.

Mas quem já perdeu foi a democracia, falo até do próprio regime político, sobretudo, no entanto, da sociedade e civilização democráticas –e disto só aos ingénuos podem restar algumas dúvidas.
Então não temos um candidato que é acusado em Tribunal de ter vendido terrenos para urbanizar, depois de os mesmos terem sido expropriados com a finalidade de se acrescentarem a um espaço público, se não erro, uma zona verde?
Com isto, de que tamanho é o precedente que se abre?
E nem é preciso lembrar que foi ele o Ministro que achou uma violenta invasão de um recinto desportivo como uma coisa normal. Ou outras gracinhas do género e de igual calibre.
A primeira pergunta é suficiente para fazer explodir as barreiras do vale tudo.


O curioso é como certa inteligêntzia que tanto se chocou com a vitória de Berlusconi, em Itália, não veja aqui as arrepiantes similitudes.



Em conformidade, o Presidente da República andou aí a pregar, não se percebe muito bem o quê, mas parece que também não é para perceber. Em tempos de crise é importante que ele apareça, faz sentir às populações que há sempre quem zele por elas, o que em Portugal traz dividendos.
E assim lá palmilhou a nossa primeira figura as terras do Minho, onde elogiou o tal presidente camarário deputado do célebre caso do queijo Coerentemente, sob o eufemismo da descentralização, veio dar um forte contributo para a recuperação da regionalização, inequivocamente rejeitada em referendo ainda não há três anos.



Hoje a Margarida fez os exercícios da última quarta-feira, dia em que faltou e só depois passou aos do dia, a propósito da nova palavra, bandeira.
Lá voltaram os trabalhos para casa.


Mas a Professora tinha razão quando disse não haver qualquer problema com um dia de ausência. Na medida em que tem aprendido, rapidamente recuperaria a matéria dada. E assim aconteceu.



Eu é que paguei em trabalho os dias de descanso.

Em contrapartida, a alma está leve.

Alhos Vedros
01/06/18
Luís F. de A. Gomes