2007-08-26

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

E lá se vai o Tratado de Nice. Os irlandeses votaram contra no referendo de ontem o que é suficiente para o chumbar, uma vez que ele só poderia ser validado por todos os países membros.
Por mim, não vejo que haja, por isso, grande problema. Antes pelo contrário, diria que é mais uma oportunidade para que se possa pensar uma União com sentido democrático, isto é, fundamentada na livre vontade dos povos e não no vanguardismo de decisores que assimilam a política a uma carreira técnica e profissional.



N regresso a casa, ao fim do dia, a Matilde estava febril. Sinal de alerta, ao jantar, a comida ficou no prato. Por precaução, a mãe pôs-lhe um supositório ben-huron. Segundo o pediatra é algo implícito ao crescimento. Em alternativa, esperemos que seja provocada por aquilo a que costumamos chamar de uma ponta de Sol.

Amanhã veremos.


Por sua vez a Margarida pediu para ver o filme “Titanic” que está a passar, neste momento, na televisão.

Só gostaria de saber onde ela foi buscar tanta informação a respeito do barco e da história, propriamente dita, a qual está a acompanhar, ao ponto de compreender que está a ser contada por uma das personagens, conseguindo ler muitas das legendas.
Seja como for, os dados que revela saber não devem ser estranhos a uma revista da especialidade que vi à hora do almoço em casa dos meus pais.


Estou a observar-lhe o preâmbulo de uma fase de vida.



A arqueologia submarina voltou a realizar uma grande descoberta.
No delta do Nilo, depois de amos de pesquisas e buscas foram finalmente identificadas as ruínas de uma cidade apenas conhecida através de referências em textos diversos.
Tudo indica que se tratam dos vestígios da cidade de Rotteneth, engolida pelas águas por via de uma catástrofe ocorrida séculos antes de Cristo.

Do ponto de vista estritamente científico deverá revelar-se como uma descoberta sensacional, pois a urbe permanece inviolada, tal como a hecatombe a apanhou.



Nesta manhã continuaram os exercícios em torno da nova palavra e à tarde hou ficha de Matemática.
Mais uma vez, lá veio o fatídico trabalho para casa.



Depois de Saramago é bom regressar a algo que valha a pena.
Llosa, novamente, desta vez com um conjunto de ensaios epistolares em que atenta nas artes e técnicas com que se escrevem os romances. (1)
Muito instrutivo, sem dúvida, mas não creio que possa aproveitar a escritores em início de aventura. A esses, tal como o Autor termina a última carta, não há alternativa a escrever até que os dedos se calejem.

Pessoalmente, fico satisfeito por verificar que já fiz uso de todos os truques de que nos fala o Mestre.

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(1) Vargas Llosa, Mário Vargas
CARTAS A UM JOVEM ROMANCISTA

Alhos Vedros
01/06/08
Luís F. de A. Gomes


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Vargas Llosa, Mário- CARTAS A UM JOVEM ROMANCISTA
Tradução de Maria do Carmo Abreu
Publicações D. Quixote (1ª. Edição), Lisboa, 1997