2006-10-24

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

FILHAS FORA DA TOCA

Bem, estive para não escrever, isto é, guardar para amanhã o que poderia fazer hoje, cansado que me senti após o jantar e a entrega ao sono das gatinhas. Mas depois de ter solto uma cassete que se enleara nos mecanismos do vídeo, sentei-me para assistir ao episódio dos “Ficheiros Secretos”.

Não sei como nem porquê, mas no fim as baterias estavam recarregadas.



A Matilde teve o seu primeiro dia no jardim infantil.

Ao contrário da Margarida que durante o primeiro ano fez as sestas em casa, ela dormiu na escolinha e tudo correu bem. Até almoçou e lanchou por mão própria e quando a fui buscar, por volta das dezassete e trinta, toda sorridente e, naturalmente, satisfeita por me reencontrar, pediu para ficar ali, brincando, mais um pouquinho.


Só posso agradecer a Deus a alegria deste meu anjo.



Claro que o facto de, por via da irmã, ela já conhecer as empregadas e o espaço –por exemplo, a Luísa teve o cuidado de, neste último Verão, no dia em que a Margarida se despediu, almoçar ali com elas- e de ser amiga de alguns dos miúdos que frequentam aquela instituição, é claro que isso em muito terá confluído para esta sua boa entrada.


Mas a sua maneira de ser bem disposta e despreocupada e despreocupada a isso não terá sido estranha.

Se assim continuar, dali virá mais uma fonte de tranquilidade.


As auxiliares foram unânimes em dizer que parecia tratar-se de uma das veteranas da casa.


Deus acompanhe esta minha querida filha.



Adiámos este dia durante um mês. Se tudo tivesse decorrido normalmente, ela teria entrado a um de Setembro.
Mas a direcção achou por bem fazer obras para melhorar as instalações existentes e aumentar-lhes uma nova sala, cuja futura utilização desconheço.
O problema é que o anexo ainda apresenta as paredes em tosco e sinais de um final feliz, nem vê-los.
Displicência quanto baste do lado de quem contrata e negligência a jeito da parte do contratado e o resultado é que as crianças estão, por ora, sujeitas a um conforto de arranjo. Esperemos que não dure até ao final do presente ano lectivo.


De qualquer modo, os pais devem pressionar para que a honra do convento seja salva.



E ao fim da tarde fomos para a ginástica que também começou para a Matilde.

Para mim foram duas horas de leitura sobre a aplicação das ciências históricas à génese da cultura judaica.(1)


No que pessoalmente me diz respeito foi o que se salvou de um dia em atraso permanente.



Eu fui aluno do Professor José Júlio Gonçalves, o Reitor da Universidade Moderna que se viu envolvido numa acusação de crimes de elevada gravidade.

Aqui temos um caso de polícia e, nesse âmbito, tão só é de lamentar que o mesmo sirva para factor de pressão e maniatamento político de certas personalidades, mormente o inenarrável Paulo Portas.



Mas o que o mesmo deixa a nu é a triste realidade de se terem autorizado universidades para que se encontrassem alternativas às empresas públicas –entrementes desnacionalizadas- para a colocação das clientelas.

A verdade pura e simples é que estão à vista os dividendos com o significativo aumento das taxas de desemprego ou não colocação dos licenciados no nosso país.



Esta manhã, depois da correcção do TPC que a Margarida fez bem, houve leitura e interpretação da história da carochinha.
À tarde fizeram uma ficha do livro de matemática em que pintaram os coelhos que estavam fora das tocas e os pássaros que seguiam à frente da águia, assim como as bolas que separavam os leões.
Pela auto-avaliação, a minha querida filha fez tudo a preceito.



A noite está amena, própria para os sonhos das crianças.
Há sons de aves nocturnas sob o compasso da algazarra do sapal.

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(1) Cazelles, Henri
HISTÓRIA POLÍTICA DE ISRAEL

Alhos Vedros
00/10/02
Luís F. de A. Gomes


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Cazelles, Henri- HISTÓRIA POLÍTICA DE ISRAEL
Tradução de Cácio Gomes
Paulus (2ª. Edição), SãoPaulo, 1986