O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA
Em certos aspectos, a Margarida é uma criança difícil.
“-Oh pai e tu não te esqueces de me ir buscar? Não te atrases.”
E todos os dias, creiam-me, com o desdentado a ver-se e o olhinho a luzir, repete esta lenga-lenga comigo e a empregada.
Esta tarde, tive uma agradável recepção quando cheguei a casa.
Fui à varanda para ver os rodopios de um bando de andorinhas que, no minuto seguinte, depois de bailarem para o meu olhar, se dissiparam pelo regresso ao repouso da passagem da noite.
São magias que nos embriagam com a alegria de viver.
Em Belgrado, a oposição festeja na rua e Kostunica é aclamado como o novo Presidente da Jugoslávia.
Curiosamente, a diplomacia russa tem sido parca em comentários.
Será que Putin ganhou um aliado?
Poderá ser este o início de um futuro bloco geo-político de caris anti-liberal?
Por estar de conversa com uma colega, a Sara, a Margarida ficou uma vez mais de castigo. Voltada para a parede e de braços no ar, como a todos acontece quando apanhados em tais irregularidades.
Quando ela nos contou o sucedido, nem eu nem a Luísa tecemos qualquer comentário.
Mas a sós, a mãe mostrou reservas quanto à técnica disciplinar.
A mim parece-me cedo para dizer o que quer que seja. Em princípio não devemos questionar o trabalho da Professora. De qualquer maneira, temos que entender que ela vê-se obrigada a impor –não tenhamos medo das palavras- hábitos de trabalho e regras de comportamento conformes a um ambiente de aprendizagem.
Eu também posso achar estranho que se exponham crianças daquela forma. Mas não me parece que isso crie situações de repulsa face à pessoa e à instituição e diz-me a experiência que a pouca confiança inicial acaba em paz com o desenrolar das estações.
Adiante se verá.
Contudo, agora compreendo melhor a agitação dos últimos dois dias.
O piolhinho voltou a confessar que se atemoriza com as pancadas na secretária que a Mestra usa para chamar os miúdos ao silêncio.
“-E está sempre a tocar o sino para nos mandar calar.”
Estamos a abrir as velas nesta fase de adaptação.
Temos que comprar o Windows 98 para o escritório para que o acesso à rede possa ser compatível.
Bolas, eu não percebo nada de informática.
E enquanto a Margarida foi para a ginástica, a Matilde brindou no primeiro aniversário da Luana.
E na escola houve uma ficha sobre o fechado e o aberto em que se identificaram e pintaram objectos em tais condições.
À tarde trabalharam com o livro de leitura, onde garatujaram as uniões entre borboletas e outros pontos. Este exercício terá ficado por acabar, pois a Professora esteve a passar trabalhos para casa que, provavelmente, distribuirá amanhã ou sexta-feira.
As gatinhas dormem e eu, cansado como estou, irei esticar-me no sofá.
Ainda não li o jornal.
Alhos Vedros
00/09/27
Luís F. de A. Gomes
“-Oh pai e tu não te esqueces de me ir buscar? Não te atrases.”
E todos os dias, creiam-me, com o desdentado a ver-se e o olhinho a luzir, repete esta lenga-lenga comigo e a empregada.
Esta tarde, tive uma agradável recepção quando cheguei a casa.
Fui à varanda para ver os rodopios de um bando de andorinhas que, no minuto seguinte, depois de bailarem para o meu olhar, se dissiparam pelo regresso ao repouso da passagem da noite.
São magias que nos embriagam com a alegria de viver.
Em Belgrado, a oposição festeja na rua e Kostunica é aclamado como o novo Presidente da Jugoslávia.
Curiosamente, a diplomacia russa tem sido parca em comentários.
Será que Putin ganhou um aliado?
Poderá ser este o início de um futuro bloco geo-político de caris anti-liberal?
Por estar de conversa com uma colega, a Sara, a Margarida ficou uma vez mais de castigo. Voltada para a parede e de braços no ar, como a todos acontece quando apanhados em tais irregularidades.
Quando ela nos contou o sucedido, nem eu nem a Luísa tecemos qualquer comentário.
Mas a sós, a mãe mostrou reservas quanto à técnica disciplinar.
A mim parece-me cedo para dizer o que quer que seja. Em princípio não devemos questionar o trabalho da Professora. De qualquer maneira, temos que entender que ela vê-se obrigada a impor –não tenhamos medo das palavras- hábitos de trabalho e regras de comportamento conformes a um ambiente de aprendizagem.
Eu também posso achar estranho que se exponham crianças daquela forma. Mas não me parece que isso crie situações de repulsa face à pessoa e à instituição e diz-me a experiência que a pouca confiança inicial acaba em paz com o desenrolar das estações.
Adiante se verá.
Contudo, agora compreendo melhor a agitação dos últimos dois dias.
O piolhinho voltou a confessar que se atemoriza com as pancadas na secretária que a Mestra usa para chamar os miúdos ao silêncio.
“-E está sempre a tocar o sino para nos mandar calar.”
Estamos a abrir as velas nesta fase de adaptação.
Temos que comprar o Windows 98 para o escritório para que o acesso à rede possa ser compatível.
Bolas, eu não percebo nada de informática.
E enquanto a Margarida foi para a ginástica, a Matilde brindou no primeiro aniversário da Luana.
E na escola houve uma ficha sobre o fechado e o aberto em que se identificaram e pintaram objectos em tais condições.
À tarde trabalharam com o livro de leitura, onde garatujaram as uniões entre borboletas e outros pontos. Este exercício terá ficado por acabar, pois a Professora esteve a passar trabalhos para casa que, provavelmente, distribuirá amanhã ou sexta-feira.
As gatinhas dormem e eu, cansado como estou, irei esticar-me no sofá.
Ainda não li o jornal.
Alhos Vedros
00/09/27
Luís F. de A. Gomes
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home