2006-10-16

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Em certos aspectos, a Margarida é uma criança difícil.

“-Oh pai e tu não te esqueces de me ir buscar? Não te atrases.”

E todos os dias, creiam-me, com o desdentado a ver-se e o olhinho a luzir, repete esta lenga-lenga comigo e a empregada.



Esta tarde, tive uma agradável recepção quando cheguei a casa.

Fui à varanda para ver os rodopios de um bando de andorinhas que, no minuto seguinte, depois de bailarem para o meu olhar, se dissiparam pelo regresso ao repouso da passagem da noite.


São magias que nos embriagam com a alegria de viver.



Em Belgrado, a oposição festeja na rua e Kostunica é aclamado como o novo Presidente da Jugoslávia.

Curiosamente, a diplomacia russa tem sido parca em comentários.
Será que Putin ganhou um aliado?

Poderá ser este o início de um futuro bloco geo-político de caris anti-liberal?



Por estar de conversa com uma colega, a Sara, a Margarida ficou uma vez mais de castigo. Voltada para a parede e de braços no ar, como a todos acontece quando apanhados em tais irregularidades.


Quando ela nos contou o sucedido, nem eu nem a Luísa tecemos qualquer comentário.
Mas a sós, a mãe mostrou reservas quanto à técnica disciplinar.
A mim parece-me cedo para dizer o que quer que seja. Em princípio não devemos questionar o trabalho da Professora. De qualquer maneira, temos que entender que ela vê-se obrigada a impor –não tenhamos medo das palavras- hábitos de trabalho e regras de comportamento conformes a um ambiente de aprendizagem.
Eu também posso achar estranho que se exponham crianças daquela forma. Mas não me parece que isso crie situações de repulsa face à pessoa e à instituição e diz-me a experiência que a pouca confiança inicial acaba em paz com o desenrolar das estações.

Adiante se verá.


Contudo, agora compreendo melhor a agitação dos últimos dois dias.


O piolhinho voltou a confessar que se atemoriza com as pancadas na secretária que a Mestra usa para chamar os miúdos ao silêncio.

“-E está sempre a tocar o sino para nos mandar calar.”


Estamos a abrir as velas nesta fase de adaptação.



Temos que comprar o Windows 98 para o escritório para que o acesso à rede possa ser compatível.

Bolas, eu não percebo nada de informática.



E enquanto a Margarida foi para a ginástica, a Matilde brindou no primeiro aniversário da Luana.



E na escola houve uma ficha sobre o fechado e o aberto em que se identificaram e pintaram objectos em tais condições.

À tarde trabalharam com o livro de leitura, onde garatujaram as uniões entre borboletas e outros pontos. Este exercício terá ficado por acabar, pois a Professora esteve a passar trabalhos para casa que, provavelmente, distribuirá amanhã ou sexta-feira.



As gatinhas dormem e eu, cansado como estou, irei esticar-me no sofá.
Ainda não li o jornal.


Alhos Vedros
00/09/27
Luís F. de A. Gomes