2006-10-27

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Acabou o embargo que os empresários e os trabalhadores espanhóis da camionagem levaram a efeito naquele país. O motivo foi o aumento do preço dos combustíveis.
Quanto a mim é socialmente mais justo passar a factura da carestia do barril de petróleo para quem dele mais uso faz. Passando a bola para subvenções pagas, por obra do orçamento de estado, com o dinheiro dos impostos, divide-se por todos o custo de um bolo que só alguns comem e, ainda assim, havendo quem tire umas fatias maiores que outras. Fazendo recair o acréscimo sobre os consumidores, o contributo pode passar a ser mais ou menos proporcional ao gasto e, em conformidade, fica de fora quem não usa, igualmente podendo ser menos onerado o que delapida em menor escala. Há, pois, mais justa equidade social na divisão da carga monetária para a reprodução energética do mundo em que vivemos.
Além disso permite que o mercado funcione com menos constrangimentos o que se por um lado é susceptível de espoletar um movimento de reajustamento dos preços no sentido da baixa, por outro lado, nesse entrementes, é capaz de conduzir ao incremento da aplicação de energias alternativas. Se a pertinência do primeiro aspecto é evidente, quanto ao segundo, devemo-nos dar conta que os combustíveis fósseis são finitos; felizmente, já hoje são conhecidas e manuseadas algumas fontes de energias renováveis.

No nosso país o governo persiste em manter o preço da gasolina e afins.
Faço votos para que não venhamos a desembolsar mais por isso.



Ontem esqueci-me de registar que durante o turno matinal os alunos também fizeram grafismos.



Na Jugoslávia há muita gente na rua forçando a queda de Milosevic.
No Ocidente chovem os incentivos.
No fim veremos quem ri.



Segundo a Margarida, a classe recebeu a visita de dois agentes da autoridade –polícias?- que entregaram à Professora uma cassete com a gravação do hino nacional.

Fiquei surpreendido e ainda agora sinto que me escapou qualquer coisa.
Seja como for, a ideia parece-me um tanto… Pacóvia? Adolescente? No mínimo estranha.
Os símbolos nacionais deveriam estar muito simplesmente integrados na escola e isso não por folclore nacionalista, mas sim pelo conhecimento do meio em que vivemos. Afinal, ele é um vector fundamental entre os moldes da personalidade de cada um.

Mas não podemos esquecer que a juventude precisa de conhecer tal canto para apoiar a selecção nacional.


Quando me contou a novidade, a boquinha desdentada trauteou um pouco a música que, de imediato, eu reconheci. Acompanhei-a e cantei uma ou duas estrofes. Perguntei-lhe se ela sabia o que era e disse-me que não. Só depois de lhe dizer ela retorquiu que era precisamente o que o senhor e a senhora tinham dito.

Pois é, a Margarida não é dada ao futebol.



Para rimar.

No Hospital Egas Moniz, a fiscalização detectou o desaparecimento injustificado de mais de uma dezena de milhares de contos.
Pela boca do responsável máximo, a actual direcção não sabe de nada.



Portugal lindo país
terra de grande desconcerto
perdeu, um dia, a raiz
começando a morrer de aperto.



Ai como é bom ter uma e depois a outra filha a correr para os meus braços abertos.



Esta manhã houve uma ficha sobre o mais e o menos, maior e menor, isto para além da insólita visita.
Depois do almoço os alunos fizeram uma medalha que usarão na sexta-feira.



No próximo dia, pelas palavras da Margarida, “(…) parece que vai haver uma excursão ao parque das salinas.”

Alhos Vedros
00/10/04
Luís F. de A. Gomes