2006-12-12

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A CAMINHO DAS ESTRELAS

O convívio impede a escrita; mas não faz mal quando estamos com pessoas a quem queremos bem.



Com muita pena da Margarida que bem gostaria de os ter acompanhado, a Fátima e o Quim regressaram ao Porto.

Eles estão de boa saúde e felizes com a nova vida de casados e como ainda não têm prole, aproveitam para darem continuidade à vadiagem que ambos levaram do estado de solteiros.

Tudo o que de bom nesta vida para eles. é o meu maior desejo.


Ontem foram passear a Lisboa e, era inevitável, a Margarida acompanhou-os.
Lamentavelmente, no parque das nações apenas o oceanário estava aberto.


E pela quinta vez a minha filha mais velha encantou-se com os cenários subaquáticos.



Ainda que em Inglaterra e em França as tempestades já tenham causado mortes, entre nós o Outono continua ameno e embora a temperatura, como seria de esperar, tenha arrefecido, as tardes solarengas deixam que os céus se alindem pelas colorações das nuvens que o vento leva.



Mas às calamidades naturais os homens acrescentam as suas próprias catástrofes.

Ao largo da costa francesa, um cargueiro italiano, depois de a tripulação posta a salvo e de ter andado um dia à deriva, afundou-se com seis toneladas de produtos químicos a bordo.
Espera-se mais um desastre ecológico.


Na capital de Taiwan, aparentemente devido ao mau tempo, um avião despenhou-se, durante a descolagem, caindo em chamas sobre a pista. Entre os cento e poucos passageiros, houve muitos mortos e feridos mas, graças a Deus, também alguns sobreviventes.



O humano é que jamais perderá a capacidade de sonhar e querer ir mais além.

A primeira tripulação lá subiu para a estação espacial internacional; dois cosmonautas russos e um americano foram lançados da estação de Baikonor, no Kazaquistão, com a missão de ali permanecerem durante quatro meses. Brevemente, os actuais recordes de permanência no espaço irão ser batidos.

Mas o novo habitat, dada a ocupação permanente que se espera venha a acontecer, dita, em concomitância, o fim da MIR, o oásis tecnológico espacial que outrora conferiu aos soviéticos a supremacia temporária na disputa em torno da conquista do espaço cósmico.
Em Fevereiro do próximo ano, aquele velho satélite artificial será afundado no Pacífico.

Num futuro, por ora, longínquo, a Humanidade ver-se-à forçada a emigrar para outras paragens galácticas. Até lá, explorará outros planetas e aprenderá a sobreviver fora da gravidade e dos climas terrestres.
Esta estação internacional é, precisamente, o início desse processo.
A pertinência do projecto é que não fica tão só por aí. O quotidiano está cheio de auxiliares que, directa ou indirectamente, devem a existência à exploração espacial.



No Domingo houve eleições autárquicas no Kosovo, apesar do boicote do eleitorado de origem sérvia que não votou.
Face à vitória do seu partido, Ibraim Rugova –lembram-se da farsa de ter sido eleito presidente da nova república independente?- voltou a reclamar a independência da região.
Kostunica, o novo Presidente da Federação Jugoslava, não reconhece os resultados e fala de um novo federalismo que obscurecerá as veleidades independentistas dos mais radicais.

A União Europeia e os Estados Unidos é que não sabem o que hão-de fazer.
Um Kosovo independente, sem qualquer base de sustentação para o ser, rapidamente seria integrado na Albânia de onde é originária a maioria da população.
O melhor seria a mistura inter-étnica que uma convivência pacífica e duradoura sempre possibilitaria. Ora será isso possível?
É verdade que a sucessão de autocracias imperiais terá deixado um lastro de geografias sem povo e culturas sob o domínio de outras. Contudo, já houve, na vizinhança Sarajevo, o som dos sinos e dos chamamentos dos mullays ao mesmo tempo que alguém caminhava para a sinagoga.


Isto faz-me pensar que uma nova reforma só poderá ser o ecumenismo entre os monoteísmos do Livro.



A Margarida gozou o lar nesta manhã de folga, embora, a seu pedido, tenha almoçado em casa dos meus pais onde passou a tarde e a fui buscar e à irmã para o regresso à toca.


“-Oh pai, aproveitei e fiz uma das três fichas do trabalho de casa.”



Desdenhando do burro, o comprador mais não pretende que esconder o interesse e comprá-lo.
Guterres garante que não quer eleições antecipadas mas não deixa de dramatizar uma eventual reprovação do futuro orçamento.
Por sua vez, os franco atiradores, a quem mandaram abatê-lo, esforçam-se com demonstrações de quanto inoportuno seria para o poder um sufrágio antes do tempo.
Duvido é que a raposa se deixe cair pelas uvas.



Ah e o Benfica lá mudou de Presidente.

Esperemos que permaneça a boa política de saneamento financeiro do clube e de relançamento das suas infra-estruturas e melhoria das instalações.

Eu é que não acredito.
Palpita-me que o Benfica voltará a ser um centro de negócios e rotações de jogadores.

Oxalá esteja enganado.

Alhos Vedros
00/10/31
Luís F. de A. Gomes

6 Comments:

Blogger Gi said...

Que deliciosas dissertações Luís. Mas porquê 2000 (só)? A Margarida já estará mais crescida mas terá continuado a fazer o seu trilho na descoberta do Mundo...e este continuou a girar :O)
Continuação solicita-se.
Bom dia Luís!

Quer que assine? :O)
Pronto, está bem ... GI

11:32  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Bem-vinda a este humilde blog que logo fica mais bonito pelo brilho que lhe acrescenta a sua presença. Agradeço as suas palavras sempre tão benevolentes para aquilo que escrevo e a Gi estava devidamente identificada.
É isso e a Margarida é uma pessoa bonita, ainda que eu seja parte interessada e não tenha autoridade para falar do assunto. Mas sempre sirei que é justa nas avaliações que faz das situações em que se vê envolvida e das pessoas com quem se cruza. É muito saudável tanto física como mentalmente e tem o hábito de ser cordial e simpática e compreende e sabe explicar por que assim deve ser. Tem sentido de humor e múltiplos interesses para lá da vida escolar e sempre que necessário sabe ser prestável com o semelhante. Já racionalizou o princípio de que não se deve julgar os outros e não se acusa ninguém sem provas e todos têm o direito de se defenderem e não serem julgados nas suas costas e muito menos na praça pública. Pode parecer estranho mas ela compreende isto que acabei de escrever e sabe justificar as opções que toma em função desses princípios. E agora diga lá que eu não sou um paizinho babado? No bom sentido, é claro, mas eu converso muito com as minhas filhas e temos absoluta liberdade de expressão e de apresentar dúvidas. É em função desse estado comunicacional -mas que palavrão, mas a Gi entende o que eu quero dizer com ele- que registo os dados que a apresentei a respeito da Margarida.
Provavelmente isto pouco lhe dirá, mas a verdade é que já passaram seis anos sobre as páginas daquele diário e de repente as suas palavras fizeram-lhe olhar para trás e ver o salto, afinal já vamos juntos ao cinema e comentamos histórias e personagens como duas pessoas que gostam de estar uma com a outra. E foi isto que me levou a fazer a modos que um sumario de balanço. Não ligue, são letras de somenos.
Dois mil por ser o ano em que a Margarida entrou para o ensino básico; eu escrevi o diário desse primeiro ano de escola, desde o dia da apresentação até ao último dia das férias de Verão que, por infelíz acaso, coincidiu com décimo primeiro dia de Setembro de dois mil e um. Como a Gi pode ver pelas datas, estamos nos primeiros meses desse ano lectivo.
Não compreendo o que quer dizer com a solicitação da continuidade. Para já a ideia é apresentar todo o primeiro período. Depois verei se tenho fôlego para mais.
Não a empato mais e rogo para que tome a maçada como um acto de generosidade da sua parte. Resta-me expressar uma vez mais quanto nos encanta a sua presença neste sítio tão singelo.
O melhor que haja neste mundo para você, Gi e para todos aqueles que ama.
Luís F. de A. Gomes

22:38  
Blogger Gi said...

Não me expliquei bem Luís. Mas tenho desculpa, já lhe confessei que não gosto de escrever! O que eu queria dizer é que há um interregno de quase 6 anos desde o início da sua escrita até aos dias de hoje. Se não escreveu entretanto era bom que o fizesse, as pequenas coisas que nos maravilham no dia a dia muitas vezes são ofuscadas com o encantamento que sentimos com as seguintes e esquecemos, são remetidas para os cantos da nossa memória. Registar o crescimento de um filho é constituir uma biblioteca para memória futura. Para nós e para eles. Eu perdi cedo todos aqueles que faziam parte do meu banco de memórias e às vezes preciso de vasculhar o meu passado para ter ternas recordações. Nestas alturas penso que bom seria se tivessem escrito.
Com os filhos não fiz (16 anos no 1º) era demasiado nova, demasiado ocupada (e despreocupada) hoje, com o emu neto que fez 3 anos o m~es passado) já penso de outra forma. Encantou-me esta sua forma de ser e de estar, o babado fica-lhe muito bem e, desculpe a ousadia, achei que devia continuar. Todos os dias, em qualquer idade, eles fazem descobertas e todos os dias nos maravilhamos com o seu pequeno Mundo, isso encanta-me. Era só isso :O)
Que o Luís, a Margarida e a restante família, tenham um bom dia

11:36  
Blogger o clube said...

Boa tarde Gi!
Se quer que lhe diga não sei o que possa dizer-lhe a não ser que se lhe induzi a mágoa não era essa, de todo, a minha intenção e acredite-me que me penitencio por isso ao mesmo tempo que não consigo deixar de ficar triste por saber que o possa ter feito. Não serei seguramente a melhor das pessoas nem mesmo poderei dizer que me inclua em tal grupo, mas procuro viver sem fazer mal, pelo menos intencionalmente, ao meu semelhante, embora já tenha tomado decisões e espoletado acontecimentos que resultaram em punição para outros. Enfim, nada que lhe interesse. Contudo, parece-me que o problema parte do próprio tema desenvolvido no blog no qual se fala da vida pessoal -a minha e da família a que pertenço- e isso propiciou as palavras pessoais que a Gi terá entendido por bem partilhar comigo.
Se bem que me possa alongar e maçá-la com tantas palavras, devo reparar a minha falta de jeito com umas poucas mais palavras que de qualquer modo a Gi, pela benevolência e a simpatia com que me tem tratado e às coisinhas que vou escrevinhando, sempre mereceria.
Eu tenho um ópio muito meu que já não sei se consumo a todo o instante se é ele que me consome como um senhor o faria a um escravo e que consiste tão só em escrevinhar, sem qualquer outro propósito em termos de resultados que não seja isso mesmo, ir escrevinhando que é a forma como encontrei para conseguir pensar na vida que levo sobre esta Terra. Este diário teve antecedentes e a ele se seguiu um outro que completou o conjunto de quatro peças.
Às vezes Gi, chego a ter medo dos momentos de felicidade que partilho com as filhas que tanto adoro e tão grandes alegrias e êxtases me proporcionam com as pequenas histórias dos seus quotidianos que numa pequena parte eu testemunho e em larga parcela vou sendo presenteado pelas narrativas do entusiasmo de quem cresce feliz. Pergunto-me sempre o que possa ter feito para merecer de Deus tamanhas venturas e nunca me esqueço de Lhe agradecer estes mundos que enchem os meus olhos e os meus dias com flores tão belas e perfumadas e rogo-Lhe que me ilumine para que seja capaz de fazer com justiça tudo o que me compete para que tudo corra pelo melhor. Nem sempre é fácil acredite-me e apesar de ser um priviligiado, nem sempre o consigo sem esforço.
Bem que eu gostaria de ter a disponibilidade para ir escrevendo a aventura que é o assistir ao crescimento dos amores do meu coração, mas acredite-me que escrever um diário, pelo menos da maneira que escolhi fazer aqueles que referi, deparou-se-me uma tarefa muito absorvente, para a qual é necessário uma grande disponibilidade e circunspecção que dificilmente eu consigo reunir no primeiro e que pouco tenho no segundo. Por isso só escrevi aqueles quatro exemplares que correspondem ao primeiro ano de vida de cada um dos pardalocas e depois à anuidade inicial da vida escolar novamente de cada delas.
Tudo começou quando a Margarida nasceu e eu, ao chegar a casa às seis da manhã, depois de ter assistido ao parto e de ter ouvido um monólogo de um taxista que me recebera dizendo que eu vinha a voar pelo passeio pelo que só podia ter acabado de ser pai, eu, depois disso, apesar do sono e do cansaço, uma vez na casa deserta sentei-me à secretária e derramei no papel as emoções desse dia que jamais esquecerei. Depois, nos três dias que elas estiveram na maternidade, chegava a casa depois da visita das oito e voltava a descrever o encanto de dedinhos de aranha a que não me cansava de dar beijos na cabeça. Quando dei por mim tinha uma boa centena de páginas que descreviam mais ou menos bem o mundo que recebera a Margarida e foi aí que decidi que descreveria todo o seu primeiro ano de vida. É claro que pelo nascimento da mais nova decidi repetir a gracinha e quando terminei esse segundo diário, não sei porquê, mas achei que lhes ficaria a dever uma continuação para cada uma que consistiria em narrar o percurso do seu primeiro ano de escola. E assim aconteceu e acabei por realizar três volumes para cada uma delas que correspondem aos respectivos períodos escolares com as férias inerentes incluídas. E a este nível foi tudo.
Não tenho o direito de a incomodar com tanto palavreado mas considere a paciência que tenha para as ler como um acto de generosidade da sua parte e pela minha parte rogo para que as receba como uma pobre, é certo, mas ainda assim a melhor maneira que encontrei para me redimir pelo incómodo que de alguma forma lhe possa ter causado com as minhas palavras anteriores.
Eu gosto de a ter neste espaço, mesmo com toda a sua má relação com a escrita e, por isso, mesmo que a sua presença não se manifesta em palavras ou de outro modo qualquer. Não me vou repetir a esse respeito.
O meu maior desejo é que tudo de bom lhe aconteça, Gi bem como a todos aqueles que ama

Luís F. de A. Gomes

16:58  
Blogger Gi said...

Estou esclarecidíssima :O) As desculpas são dispensadas, não passou de um pedaçod e tempo misturado com um pouco de nostalgia. Enquanto o sorriso se mantiver nos lábios, é porque não é nada de preocupante.:O)
Obrigada pela explicação e do tempo que perdeu com os meus devaneios sentimentais.
Fico feliz quando sinto a felicidade e isso aqui, sente-se.
Noite feliz Luís

18:54  
Blogger o clube said...

O sorriso deve ser sempre a fonte da energia que nos pode manter lúcidos e interiormente fortes para enfrentarmos os momentos mais dolorosos e que nos causem o maior dos sofrimentos. Associado a ele, quando não somos tolos e seguramente a Gi estará muitíssimo longe disso, está a saúde mental que nos permite o controle dessas forças que muitíssimas vezes duvidamos que existam mas estão lá, bem no fundo das nossas almas, como se fosse uma caixinha de reserva que guardamos pas as horas difíceis em que temos a sensação de que mais nenhuma coragem nos resta.
Já devo estar a dizer disparates, mas a Gi tocou-me. As suas palavras deixam tantas perguntas que não sei como poderiam ser feitas...
Pelo que tenho que me ficar num bem-haja do tamanho do mundo pelas suas doces palavras e manifestamente por tanta benovelência que mostra para comigo e a paciência que manifestamente tem para me aturar.
O melhor para si, Gi

Luís F. de A. Gomes

22:00  

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