2006-12-15

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

UM FERIADO DE TRABALHO

A Margarida continua na muda dos dentes. Ainda há pouco, durante a higiene oral que antecede a deita, lá lha caiu mais um queixal.



Bem, hoje foi um feriado com trabalho pela manhã.

É assim, acorda uma pessoa com as brincadeiras infantis na cama dos pais, revigora-se de imediato pela ida das filhas para a sala, para acabar no esforço de carregar um móvel para o segundo andar.

E a mãe galinha, habituada que sempre foi a tudo ver brilhando e no devido lugar, entendeu que não podia evitar a limpeza da peça recuperada que, por si, implicou uma rearrumação do quartinho das nossas filhas.


As miúdas almoçaram na casa dos meus pais e nós acabámos por comer hambúrgueres no café da Júlia.


Mas a Margarida e mais tarde a Matilde, ficaram com uma espécie de escrivaninha armário que lhes servirá para guardarem os materiais e respectivos espólios escolares.


Mais uma vez, a recuperação da mobília que pertenceu ao avô materno da Luísa, esteve a cargo do Zé Ramos que se repetiu com um trabalho excelente.



E a tarde só poderia ter sido de pernas esticadas e leituras.



O último romance de Camilo José Cela (1) é uma oratória sobre a Galiza e os seus rostos e pensares.
“-Se escután las agua de la mar.”
“-Sí, se escuta la mar.”
“-Y la bruma.”
“-Sí, y la bruma también.”
“-Y se puede oír los sueños de las gaviotas.”
“-Sí, las gaviotas e tambiém las aguillas en los caminos de las tierras.”



A estação espacial internacional é um consórcio de várias agências espaciais, a saber, dos Estados Unidos, do Canadá, da União Europeia, do Japão e do Brasil.
Estará concluída em dois mil e seis e há uma previsão para que funcione durante dez anos.



A Jugoslávia vai ser readmitida na Assembleia Geral das Nações Unidas.



No fim da tarde na hora que antecedeu os banhos, estive a brincar com a Margarida e a Matilde.
Inventei uma espécie de bowlling que fez o encanto da família.



Agora vem Henrique Neto disparar sobre Jorge Coelho, mas este empresário que se iniciou como membro de uma cooperativa que acabou por transformar na sua primeira empresa, acabou por dar o dito por não dito e o homem forte de Guterres saiu sem uma beliscadura. Foi o ex-cooperante, ex-comunista, ex-deputado e não sei se ex-qualquer coisa mais quem acabou na linha de fogo da oposição.



O Porto capital cultural tem sido uma palhaçada pegada.
Já foi o bater da porta de Santos Silva e a inversão de um projecto que deixaria infra-estruturas para o de uma comissão de festas; é a certeza do atraso das obras que não estarão prontas a horas e agira é um movimento cívico, encabeçado pelo actual Presidente da Câmara, para que Jorge Sampaio volte a aceitar estar presente na inauguração que será no dia da reflexão das presidenciais. É claro que o passo atrás se deveu aos berros dos outros candidatos que reclamam o convite.
É a politiqueirada à portuguesa.
Jorge Sampaio é o Presidente da República e, entre outras coisas, pagam-lhe para ele representar o estado em eventos de importância nacional como é a capital europeia da cultura atribuída a uma cidade lusa.
Somos o país que ainda não passou da demagogia do chafariz, pois de contrário ninguém estranharia que ele, embora candidato, cumprisse os seus deveres de chefe de estado. É que se fosse para fazer política e campanha, os cidadãos eleitores penalizá-lo-iam em conformidade.



Vou-me deitar com a Luísa nos meus braços.

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(1) Cela, Camilo José
MADERA DE BOJ

Alhos Vedros
00/11/01
Luís F. de A. Gomes

CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Cela, Camilo José- MADERA DE BOJ
Editorial Espa (4ª. Edição), Madrid, 1999