2007-03-07

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

AMANHÃ COMEÇA O SEGUNDO PERÍODO
Bem, as férias são para gozar e se a Margarida as aproveitou para recarregar energias e bem, como ainda veremos, o pai seguiu o exemplo e como este diário se centra no seu dia a dia escolar, decidi pousar a pena e tomar descanso desta azáfama tão árdua de procurar narrar uma experiência com a atenção circunspecta para que esta conversa valha a pena.

Pessoalmente, até à última quinta-feira, dia em que fui para o Porto, usei todas aquelas horas nocturnas e as de folga das festividades natalícias para iniciar a compilação dos textos com que irei compor o volume “Um Acto de Cidadania”.
Recolhi e sistematizei os artigos, titulei as diferentes quadrículas em que se dividirá a reunião e embora tenha feito por respeitar os enquadramentos em que aqueles saíram no “Notícias da Moita”, numa das rubricas, tomei a decisão de incluir uma peça que não tinha saído como tal nas páginas daquele periódico. Visto o conjunto de todas as minhas colaborações ali incertas, optei por lhes acrescer uns quantos exerciciozinhos que nunca tinham chegado a ver a luz do dia, não por que, de algum modo, os tenha depreciado mas, apenas, pelo facto de terem sido frutos da perda de oportunidade em face de outras premências e que o tempo se encarregou de remeter para o olvido do arquivo.
Depois passei ao teclado e vai de começar a organizar o livro e com isso, voltar a escrever aqueles apontamentos a que não faço outras alterações para lá de simples arranjos nas frases e os retoques de pequenas correcções de eventuais erros que, aqui e ali, tenham permanecido sem a devida emenda.
E já lhe dei um bom adiantamento. Mais três ou quatro fins-de-semana e ficarei com as provas prontas.
Quer dizer que antes do Carnaval conto estar despachado deste trabalho que, infelizmente, teve um parto prematuro.


Também a mãe esteve de férias e assim que o pai se viu livre da preparação da abertura do próximo ano económico, toda a família rumou ao Porto.

Belos dias de repouso, cheios de jornais e convívios, com passeios e espectáculos e jantares com familiares e amigos.
E com a vantagem de encontrarmos aqueles de quem gostamos em usufruto de alegrias.


Parabéns à Fátima e ao Quim.
No fim da Primavera a família aumentará.

Deus os acompanhe.


E até deu para batermos com o nariz na lotação esgotada de uma sessão de cinema na sexta-feira à tarde.


Ontem jantamos em casa da mãe da Tuxinha, no que foi um agradável serão entre amigos da juventude. Também gozámos a companhia do Zé Carlos e da Paula, prima da anfitriã e ainda de um dos irmãos desta última e da respectiva esposa. E um salão de jantar cheio de miúdos.


O Carlos está a fazer um mestrado em astronomia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto o que o obriga a vir de Bragança à Invicta todas as sextas-feiras.


A Margarida e a Matilde, essas, então, mais uma vez fizeram jus à rica vida que têm.
Para além das prendas de Natal e dos longos períodos de brincadeiras de encantar, foram ao circo com os pais na tarde de sábado a que, para a mais velha, se seguiu um jantar com a madrinha que as levou ao cinema no dia seguinte, para verem “A Caminho do Eldorado”.


Regressámos esta tarde, numa corrida directa entre as duas residências.
E todos chegámos felizes e satisfeitos.


Venha daí o trabalho que se segue.



Em Portugal continua a palhaçada do costume.

Ficámos a saber que o Ocidente bombardeou populações com munições radioactivas e que os soldados da NATO prestam agira serviço em áreas contaminadas. Isto na ex-Jugoslávia, é claro.
Tudo isto porque um soldado português faleceu, à semelhança de uma mão cheia de outros militares de outras nacionalidades, aparentemente por causas imputáveis à permanência naquelas terras.
Os Altos-Comandos nacionais negam a relação de causa e efeito e dizem que não há motivos para alarme, quando o pai do falecido tem em mãos uma carta do comandante de batalhão em que o malogrado estava integrado, na qual se atribui o óbito a factores contraídos durante a missão.
E não é que o Chefe do Estado-Maior do Exército -além de se permitir tecer considerações a comentários do Presidente da República- foi à televisão refutar as preocupações que são mais que manifestas em vários países e, cúmulo dos cumulo, dar a entender que podemos estar em face de uma campanha de contra-informação da Sérvia em cujo jogo estaria aquele pai a cair?
Enfim, a pouca vergonha foi ao ponto de vermos um General a emendar palavras, em directo, num telejornal.


Ora para estarem à altura do triste espectáculo, logo os candidatos presidenciais dos pequenos partidos exigiram a demissão daquela figura e espoletou-se a discussão, com o parecer de reputados constitucionalistas e tudo, sobre quem compete demitir o SEME, se o Dr. Jorge Sampaio se o Ministro da Defesa.

Nós não estamos numa república das bananas, estamos, isso sim, numa comédia, não digo se de bananas ou não.

Olhe que se não é parece.



Pois não começou ontem a campanha eleitoral das presidenciais com as atoardas de Edite Estrela que se permitiu revelar conversas privadas do Patriarca de Lisboa –mas onde é que já chegámos?- a respeito da evidente reeleição do actual intérprete do mais alto cargo da nação?



E uma vez mais, Bill Clinton lá se esforçou pela paz no Médio Oriente.

O problema é que há toda uma casta de gurus e magnatas árabes que não estão mesmo nada interessados numa boa vizinhança com Israel.
É que isso implicaria abrirem as sociedades à democracia e às economias de mercado o que, necessariamente, mais tarde ou mais cedo, os removeria do poder e lhes cessaria muitas das mordomias.

Não querias coração?



A Margarida realizou os trabalhos para casa de livre e espontânea vontade e não se esqueceu de ler o livro dinâmico de acordo com o conselho da Professora.

O balanço que eu possa fazer deste primeiro período da sua vida escolar está registado na sua ficha de avaliação que tive o cuidado de transcrever para este diário.
Que mais posso eu dizer?
Limito-me a acrescentar que ela parece ter assimilado a responsabilidade de cumprir com os deveres em que a escola se corporiza e, logicamente, representa.


Eu dou graças a Deus por ter esta minha filha.



E pronto, por hoje estou a chegar ao fim.
Não me apetece falar do ridículo fogo de artifício com que a Câmara do Porto presenteou os seus munícipes na noite de passagem de ano, bem no centro de uma cidade esburacada por causa de obras por tudo quanto é sítio.
Na verdade, há caras para tudo e quando, daqui a duas semanas, se iniciar a capital europeia da cultura, será a primeira vez que tal ocorrerá numa cidade a mostrar as cuecas.
Enfim…

Mas que a autarquia tenha vendido capas de chuva com publicidade da “Optimus” é que me parece um tanto ou quanto fora de tom.


E o povo –eu também fui ver, com a Luísa, a Fátima e o Quim- gostou de uma sessão que nem chega aos calcanhares de uma serenata das Festas de Santa Luzia em Viana do Castelo.


Somos tão pacóvios.



O mau tempo é que não nos largou e os campos alagados são disso um bom testemunho.

Alhos Vedros
01/01/02
Luís F. de A. Gomes
FIM DO PRIMEIRO VOLUME