2007-03-13

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

No Equador também é assim, horas seguidas de uma chuva irritantemente monocórdica, enchendo o chão e o ar, de tudo fazendo fonte de pingos que mais parecem de ponteiros de clepsidras do tédio de quem simplesmente espra o reatar do movimento.



Afinal tudo leva a crer que as tropas que prestam serviço em algumas áreas da ex-Jugoslávia estão expostas à radioactividade provocada por certas munições usadas nos bombardeamentos efectuados pelas forças da NATO.

Depois de tudo negar e nada esclarecer, depois de ter agido, com certeza, com conhecimento de causa sobre o que estava a ser utilizado nas operações de ataque, o Primeiro-Ministro do mesmo Governo que deu luz verde para o envolvimentos dos nossos militares e corpos policiais, vem agora desdizer-se com o subterfúgio da quebra de confiança relativamente aos altos comandos da Aliança Atlântica.

E o curioso é que não há reacções apropriadas a uma história tão escabrosa e mal contada.

É assim no país em que as denúncias de fazem por via dos artigos de opinião, pois o nosso jornalismo não investiga, não pode investigar o mistério, uma vez que os jornalistas costumam estar por dentro dos segredos, o que não é de estranhar perante as ânsias de protagonismo que por aí pululam e a promiscuidade mal sã entre os eventos, seus intérpretes e os seus narradores.


Estão os sinos a dobrar por nós.


A Juventude Social-Democrata, onde alguém teve a desfaçatez de pôr em rede, na página da organização na net, um jogo de setas em que a muge era nada menos que um boneco de Jorge Sampaio que sangrava sempre que atingido, decidiu retirar-se da campanha de Ferreira do Amaral, alegadamente devido a certa hostilização por parte dos responsáveis por aquela.

Malhas que a nossa politicazinha tece.

Só me admira como não há ninguém responsável pela gracinha.
Há coisas que não se podem repetir.



Ah, mas a campanha prossegue na senda das genialidades.
Sua Excelência o Presidente da República, que num destes dias sempre disse ter sido independente –e eu acrescento, mesmo nos tempos em que foi o secretário-geral do Partido Socialista- hoje chamou a atenção para o facto de ser a presidência e não o governo que está a votos.



I feel unhappy
I feel so sad
I’ve lost the best friend
that I ever had.

She was my woman
and I loved her so
but it’s to late now
I’ve let her go.

Black Sabath

Do you remember?
I do. And I also remember Cristina, my first love, twenty seven years a go, when we smiled and danced together, kissed each other, with mirrows of tender and sweetness on our fingers.



Sorte teve a Margarida que ficou em casa nestes dias, dispondo de espaço e tempo para dar largas às suas fantasias pelas quais também se vai construindo, enquanto a rua permanece sob o domínio das águas que as nuvens trazem.



Do mesmo não se pode o pai congratular. Mas é assim e depois do repouso lá veio a contrapartida da multiplicação do esforço. Uf, três dias laborais verdadeiramente equivalentes a um trio de semanas, embora deva confessar que estavam nas minhas previsões. Trata-se do fim do ano, o que implica o lançamento de um outro, com tudo o que isso acarreta em termos de renovação logística –abertura de novos arquivos, novas pautas contabilísticas e financeiras, etc- e de fecho da anuidade finda, com os inerentes balanços e avaliações, tudo isto em concomitância com a rotina diária que, graças a Deus, continua intensa e volumosa e, melhor ainda, economicamente interessante.


Mas há motivos para satisfação, pois os resultados são francamente positivos. Crescemos mais de doze por cento o que, se fosse a média nacional, seria suficiente para dormirmos descansados perante a garantia de um dia alcançarmos o tecto do mundo.


Acontece que o corpo é só um e a azáfama foi de tal ordem que eu nem tenho tido oportunidade para ler jornais ou atentar em notícias. Nestes dias de claridade indirecta, mal tenho olhado os reflexos das luzes dos automóveis nas piscinas do asfalto.

Ontem estiquei-me no sofá com a intenção de ver o debate entre os candidatos presidenciais. Não sei se pela falta de interesse das intervenções, se pelo efeito soporífero do cansaço, acabei por adormecer.



E agora retiro-me.
Há música pluvial e eu vou enlaçar-me num sono de mel.

Alhos Vedros
01/01/05
Luís F. de A. Gomes