2007-04-26



Com esta imagem terminamos a pequena série de fotos dedicada à encantadora Vila de Monsaraz e que dedicamos a um simpático Fantasma que gosta da Liberdade, como aquela que estes espaços belos e largos nos sugerem.

Estas são e serão sempre terras dos cravos vermelhos.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O fantasminha só semeia cravos no vento que passa, assim como o poeta diz que alguns semeiam canções. Em agradecimento e, embora com um dia de atraso aqui fica uma mostra do meu apreço pela Liberdade.


Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

Mais uma vez obrigada Luís
Ela

22:24  
Blogger o clube said...

Com um dia de atraso? Eu publiquei isto esta tarde...

Seja como for, Fantasminha, gosto muito de Manuel Alegre como poeta. Mesmo reconhecendo que de certo modo é algo anacrónico, especialmente em termos formais. Mas é um poeta de ideias e nesse sentido admito que a preferência pelos modos mais clássicos de dizer sejam adequadas aos propósitos dos poemas enquanto as mensagens em si contidas. E depois é erudito e sabe usar as palavras com uma precisão sibilina, mas com a mesma elegância com que consegue fazê-lo com carinho, acabando por nos dar climas poéticas muito intensos e cativantes; quase diria sempre parecer uma espécie de voz da consciência que fala.

Mas também aprecio o homem vertical que ele é, de espinha direita e cabeça levantada, o homem livre e de consciência tranquila, senhor do seu discurso e do seu destino, sem medo de se atirar à vida, mesmo com isso enfrentando a morte. Tiro-lhe o chapéu em sinal de profundo respeito e dele faço referência cívica.

E já agora que ninguém nos lê, até posso dizer-te que votei nele, nestas Presidenciais e como leitor de um jornal electrónico, um bom par de vezes, fiz a apologia da sua candidatura e defendio-o sempre perante os ataques soezes que lhe iam fazendo.

Oh Fantasma, sou eu que devo agradecer um gesto tão bonito, fiquei comovido acredita.

Luís

22:47  
Anonymous Anónimo said...

Então fomos dois!

Boa noite Luís, passa da meia noite e vou ajudar a Cinder"ELA" a ir para casa. A carruagem já se transformou em abóbora e ela precisa de boleia .

Até amanhã

00:18  
Blogger o clube said...

Não me recordo como se representa um sorriso, mas é isso que aqui se aplica. Franco, não de gozo. E depois só mesmo a pergunta:

Ai agora vais-me dizer que o Fantasma tem sapatinho?

Por esta não esperavas, aposto.

Até amanhã, Fantasminha, quer dizer que decidiste assombrar-me heim...

Seja, até amanhã companheiro

Luís

00:31  

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