2007-06-23

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

ELES NÃO SABEM QUE O SONHO

Cá está mais uma manifestação do homo maniatábilis.
Luís Filipe Menezes, lui méme, um dos que prestam vassalagem a Pinto da Costa, já começou a minar a candidatura do PSD à Câmara Municipal do Porto, não vá o diabo tecê-las e Fernando Gomes venha a perder a disputa eleitoral para Rui Rio o que, provavelmente, deixaria aquelas singulares personagens em estado de susto.

Só a talho de foice, lembremo-nos que o ex-Ministro da Administração Interna e dos Desportos –combinação que só num país como o nosso faz sentido- acabou de perder um caso em Tribunal relativamente a expropriações de terrenos para o Parque da Cidade, no Porto, que posteriormente teriam sido colocados à venda para serem urbanizados, notícia esta que surgiu no “Público” do passado Sábado em pequena e despercebida nota, como convém, é claro.

Mas como eu estava a dizer, Menezes, o Dr. Menezes da acusação de sulista, elitista e liberal a Pacheco Pereira –lembram-se?- num congresso do PSD nos tempos da liderança do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Menezes lá veio a terreiro com acusações a Durão Barroso, a quem considerou como um “líder frouxo” (sic), furtando-o a quaisqueres méritos pela subida do partido nas sondagens.
É esta a massa de gente que mais fala do Porto como uma capital regional e que tantas provas de eficácia já deram como nos casos do metro daquela área metropolitana ou da capital europeia da cultura numa cidade em buracos.

Logicamente que aquilo que se pretende é preparar a derrota de Rui Rio, criando, desde já, as condições para atribuir à liderança nacional e ao candidato por ela proposta a responsabilidade pela vitória do homem que, entre outras gracinhas, tem a medalha de ter propiciado negócios como os da torre das antas.

E é por estas e por outras que este é um país de…

Bem, chega de desabafos.



E logo depois do serão desta noite.

A família foi à biblioteca da Moita para assistir a um sarau de poesia e canto com Manuel Freire e Vasco Pereira da Costa.
Nada de especial, é certo, mas é sempre agradável ouvir palavras que nos tocam o coração e fazem pensar.

E como é bonito verificar que passados todos estes anos e da barba ter ganho a cor da neve, a voz do cantor continua tão cristalina como quando na idade dos meus calções lhe escutava as palavras de Gedeão que o meu pai gravara para se deleitar nas suas horas de ócio.



Hoje foi um dia ligeiro com desenhos a propósito da Páscoa.



A Rússia manifesta-se contrária a uma eventual independência do Montenegro.

Deixada só, a Sérvia, caso aí a democracia não vingue e se enraíze, não terá nada de bom para o equilíbrio geo-político daquela região do Sul da Europa.



E lá foi mais uma missão para a estação espacial europeia, desta vez com o objectivo de aí montar um braço robot que será fundamental para a construção daquela casa extra-planetária.



Pois eu, pela minha parte, vou agora voltar ao meu Mestre Vargas Llosa.

“A Festa do Chibo”, mais um romance magnífico que nos faz pensar na miséria, sobretudo moral, a que a tirania condena os povos sobre os quais se abate.

Pessoalmente, nada sabia sobre a ditadura do famigerado Trujillo, na República Dominicana. Mas depois desta leitura, fico com a sensação de estar perante um canalha da massa de um José Estaline, por exemplo, já que este livro me traz à memória o episódio do dentista que só por ter tratado bem o tirano se viu remetido para o castigo (1).

Malhas que o totalitarismo tece.



E eu peço a Deus que as minhas filhas nunca tenham que passar pela humilhação de viverem em tal tipo de sociedades.

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(1) Ribakov, Anatoli, pp. 509 e ss
OS FILHOS DA RUA ARBAT

Alhos Vedros
01/04/20
Luís F. de A. Gomes


CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

Vargas Llosa, Mário- A FESTA DO CHIBO
Tradução de Miguel Sousa Pereira
Publicações D. Quixote (1ª. Edição), Lisboa, 2001
Ribakov, Anatoli- OS FILHOS DA RUA ARBAT
Apresentação do Tradutor
Tradução de Paulo Bezerra
Círculo de Leitores, Lisboa,1990