2007-08-12

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

E AGORA O PREÇO ZERO

E de repente o calor, provavelmente, desta vez para ficar.
Ainda que o fim da tarde refresque as ruas, agora já estou a escrever sentindo o ar quente que paira no interior da casa.

A minha previsão é que teremos um mês de Junho com termómetros ao máximo.



Talvez Jerusalém devesse ser considerada capital do mundo, ainda que seja capaz de admitir que isso poderia ser considerado um acto pouco louvável para outras grandes religiões como o hinduísmo ou o budismo –apesar de haver quem veja esta última como uma espécie de sistema filosófico de orientação da vida. Seja como for, é ao judaísmo que devemos a noção de indivíduo e, por via dela, a da dignidade humana e ainda a de liberdade. São legados inestimáveis para a humanidade e nesse sentido não seria desmedido conferir àquela cidade um estatuto tão elevado.
Mas a verdade é que o reconhecimento de uma tal particularidade poderia servir para desactivar a carga emotiva que a urbe tem para as tês grandes religiões do Livro e simultaneamente relançá-lo como símbolo de um novo ecumenismo que muito contribuiria para a paz e a harmonia do futuro.
Simultaneamente Israel deveria reconhecer a independência dos territórios palestinianos que; à semelhança do que aconteceu com aquele estado e a cidade de Telavive, instituíram outra capital.

É claro que sou um sonhador.
Mas enquanto não se encontrar o entendimento entre aqueles povos, o mundo não dormirá descansado.

E o certo é que muitos palestinianos israelitas convivem sem problemas com os seus concidadãos judeus.



Este está a ser um fim-de-semana de intenso convívio social para as nossas filhas.
Ontem, a Margarida passou o dia em casa da sua amiguinha Ana Rita, onde jantou e a fui buscar por volta das nove e meia da noite. Hoje, lá foi para uma festa de aniversário, pelo que se viu na obrigação de realizar os deveres escolares ao longo desta manhã.
E ao almoço tivemos a companhia do pequeno André que a Matilde tratou de convidar.



Ena pá, o Ministério da Cultura dá uma cor da sua graça na promoção do livro e da leitura. Depois do preço único do Ministro Carrilho, vem agora o livro gratuito do Ministro Sasportes. E agora digam lá que faltam ideias.
Hoje, com o Diário de Notícia, recebi a oferta de uma colectânea de contos de Luísa Costa Gomes e a partir do próximo Domingo, outras edições se seguirão pelo simpático preço de quinhentos escudos o que, atendendo à qualidade da publicação, o mesmo é dizer praticamente de borla. Com isto, obviamente, se espera cativar os portugas para a leitura.
Enfim… Fica é por saber se, mais uma vez, não estamos perante as medidas de amiguismo o que, atendendo ao jornal que é, dá logo para desconfiar. No fim veremos se não se está pura e simplesmente a promover um diário e uns quantos autores da corte.
Mas bem lá no fundo o que transparece é a visão simplória duma decisão
Melhor seria que com este dinheiro se pagasse a escritores para percorrerem as escolas com sessões de leitura e de simples esclarecimento. Naturalmente isso despertaria muito mais a atenção de jovens para o fenómeno literário, com a empatia que a presença física sempre é susceptível de gerar.
Logicamente que tal não bastaria. Seria conveniente que fossem tomadas decisões que conduzissem à diminuição dos preços, sem dúvida alguma fora do alcance de muitas bolsas. Estou a pensar em redução, ou até isenção de impostos para as empresas editoras, bem como do IVA que recai sobre a venda das obras impressas. Com isso se conseguiriam custos mais reduzidos o que, concomitantemente, facilitaria o aparecimento de editoras apostadas na promoção de novos nomes e obras unicamente pelos seus valores intrínsecos e não pelo conhecimento mediático daqueles que as escreveram.
Talvez dessa forma se acabasse com a mediocridade que reina no nosso panorama literário e paralelamente se possibilitasse a apresentação de produtos acessíveis aos ainda parcos recursos da maioria dos portugueses.

A verdade é que os portugueses são o povo que menos lê na Europa o que deles faz os mais vulneráveis à nefasta influência da porcaria que tresanda nos meios televisivos do nosso descontentamento.



Facto inédito no futebol português, o Boavista sagrou-se campeão nacional da primeira divisão.
É certo que em muitos jogos os seus jogadores beneficiaram de uma tolerância por parte dos árbitros só superada pelos auxílios escandalosos que o Futebol Clube do Porto recebe. Mas também é verdade que foram aqueles que mostraram maior vontade de vencer e que mostraram o melhor e mais regular futebol.
Assim, parabéns aos campeões.

Só é pena que este feito não espolete uma varredela em todos os Pintos da Costa e Oliveirinhas que teimam em sugar o sangue ao nosso desporto-rei e, por via do mesmo, aos bolsos dos portugueses.
Só isso permitiria que os clubes português voltassem a afirmar-se internacionalmente, invertendo a tendência que daqui a alguns anos –não muitos- atirará o vencedor do nosso campeonato para a primeira eliminatória da liga dos campeões, obviamente sem companhia.



E agora que vejo as andorinhas dançando no lado de fora da varanda, fecho os olhos e deixo-me planar na aragem que afaga as árvores, sob os acordes da alegria de pássaros diversos.

Alhos Vedros
01/05/20
Luís F. de A. Gomes