2007-05-20

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Em jeito de brincadeira, alguém me pediu uma frase introdutória para um trabalho de sociologia sobre Marx.
Respondi, “esse ilustre desconhecido” e, de facto, com tanta água que passou sob a ponte, o que permanece é a sua obra científica sobre a qual se reflecte pouco, sobretudo sem preconceitos de qualquer ordem.
Mas tenho para mim que o homem foi um cientista de primeiro quilate. Afinal, pretendeu compreender as leis da organização das sociedades capitalistas para o que propôs um método de trabalho e análise.
Antecipou Claude Lévi-Strauss e o estruturalismo com a aplicação da pesquisa a factores não dependentes da vontade ou consciência dos homens e cem anos antes, quando falou da abstracção, mais não fez do que, por outras palavras, identificar aquilo que Joel de Rosnay chamou o macroscópio. As modernas correntes sistémicas de que este último cientista é representante, têm nele um antepassado directo.

E as suas teorias da mercadoria e da mais-valia permanecem de pé. E deveríamos voltar a ler com mais atenção as suas ideias sobre o fim do capitalismo.

Lembrar-me eu que ao distante tempo em que fui aluno universitário, haviam professores que defendiam que mais importante que ler o próprio Marx, seria ler o que se veio a escrever depois dele.



Ontem à noite fomos assistir, no teatro Villaret, a uma peça de Luísa Costa Gomes, toda ela interpretada por um único actor cujo nome agora me falha, ainda que tenha gostado da sua representação. “O Último A Rir”.
O texto é divertido, uma sátira à hipocrisia de fazer do casamento um simples momento de espectáculo em que os sentimentos e valores quase nem como adornos são consideráveis. E através das diversas personagens envolvidas numa dada cerimónia, aquilo a que assistimos foi a umas boas duas horas de crítica de costumes que nos proporcionaram um serão de riso e ao mesmo tempo de reflexão.



E é tão estranho chegarmos a casa apenas os dois.



A Margarida pediu-me que fizesse uma experiência que vem hoje na “Terra do Nunca”, uma espécie de separata infantil da revista domingueira do “Diário de Notícias”. Tratou-se de tirar de tirar uma folha de papel debaixo de um copo com água sem que este tombasse. Como ela riu ao comprovar que era igualmente capaz de fazer o exercício. E logo ali decidiu pedir à Professora para fazer aquilo na sala de aula.
Sinceramente, só espero que se esqueça mas eu, à laia de quem prefere a prevenção, tratei de lhe fazer ver que uma brincadeira daquelas seria mais adequada num dia de despedida como, por exemplo, o último do segundo período.



A Matilde já percebeu o princípio do auto-impulso nos baloiços. Esta tarde, enquanto o horizonte se alaranjava, esteve ela uns bons momentos a pendular pelos seus próprios meios.



E agora estamos na fase em que a tragédia de Castelo de Paiva serve para que o Primeiro-Ministro apareça nos écrans de televisão, in loco, observando as buscas, só faltando as mangas arregaçadas, em pose de comando, com a sem cerimónia de um, “-Oh Manel! Atira aí esse cabo, pá!”



Mas nos mundiais de atletismo em pista coberta que decorreram, este fim-de-semana, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, lá o ego do portuga teve o prazer de ver o ouro e assim escutar o hino nacional em duas ocasiões.

Anda aí faneca.

Alhos Vedros
01/03/11