2007-05-10

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Ena pá, até parece que estamos em setenta e cinco. Os miúdos don secundário inundaram as ruas em manifestações de protesto contra a nova reforma curricular. E como não podia deixar de ser, lá se ouviu gritar que o estudante unido jamais será vencido.
E eu diria que já está e bem metidinho na naftalina das prateleiras, ou não tenha sido a educação uma paixão de quem manda.
O certo é que a gritaria se faz em relação às aulas de noventa minutos e em prol de aulas de educação sexual, tudo isto no curricula do secundário. E o pior é que o mais provável é que depois do diálogo e das negociações hajam cedências mútuas, tácitas ou não, e tudo permaneça como está, sem visão de futuro e sentido das necessidades nacionais, assim como um barco que flutua numa sucessão de rumos directamente saídos das cabeças dos comandantes em exercício, cada qual mais realista, sapiente e sobretudo mais enriquecedor que os anteriores. Infelizmente os portugueses estão ainda aquém de uma mentalidade capaz de interpretar e compreender a importância das ciências e das técnicas na divisão internacional do trabalho e a consequente repartição das riquezas e da qualidade de vida a nível mundial. O resultado é bem conhecido e a todos envergonha, mesmo àqueles que não têm ou não querem ter consciência disso. Apesar das retóricas e do muito dinheiro e recursos envolvidos, educação e ensino são os parentes pobres das políticas governativas que sempre acabaram por funcionar porque sim.
Daí o acessório ser o cerne daquilo que sempre esteve em questão.
A nossa tragédia reside no facto de toda esta tramóia nos vir a sair muito caro num futuro próximo, bem mais do que muitos esperam. Por ora vamos enchendo os copos para que então nos possamos embriagar para continuarmos em delírio e ser como soía.

Quanto a mim, o problema do ensino em Portugal, mormente a desorientação que tem sido a marca no ensino secundário desde o consulado de Deus Pinheiro –lembram-se, o antecessor de Roberto Carneiro que deu a primeira machadada ao acabar com a profissionalização em exercício dos professores- a meada da desgraça, dizia, começa no ensino superior, nas Universidades e Politécnicos, vistos e tratados como coutadas dos partidos com assento nos poderes de estado, para dar alimento aos polvos clientelares que servem como a energia da continuidade sugadora do erário público. A nenhum nível decisivo há investigação séria; a docência universitária pouca ou nenhuma ciência, fundamental ou não, produz e a economia real, ainda em grande parte à sombra da conivência com o poder político, não precisa de investir em ta universo, de modo a provocar a interpenetração que nos poderia fazer galgar degraus naquilo que nos separa do mundo rico e civilizado da União Europeia. Aos ciclos inferiores chegam contingentes deficientemente preparados onde a excelência não prima e a deontologia é uma palavra que requer a consulta dos dicionários e desta forma se fecha o círculo, o nosso triste círculo de uma cultura pobre, simultaneamente rica em letras.

O que fazer?
Tarefa titânica, como é que eu posso responder?
Para uns a resposta começa na descentralização que passaria pela assunção, por parte das câmaras municipais, de tutelagem das escolas básicas.
Será um dos caminhos, não me custa admiti-lo, mas sem boas universidades, sem um bom sistema de ensino onde os melhores possam formar com máxima exigência e produzir sabedoria que fertilize as potencialidades das populações, estaremos sempre longe de conseguirmos pertencer ao naco de mundo que mais nos deveria interessar.


Para já
cá vamos continuando
no patatipatatá.



Bolas, pelo segundo ano consecutivo as cheias assolam o centro de Moçambique.
Volta a haver morte e destruição.



E por cá têm estado dias tão bonitos.

Céus em mescla, variando entre os brancos e os cinzentos, sempre com o azul no fundo dos buracos.

E também as folhinhas frescas brilhando, aqui e ali, agora já na companhia das asas que se atrevem a gozar estes prenúncios de Março.



Bem que eu tinha razão.
O dia de ontem limitou-se a um pequeno exercício e desenhos, como uma espécie de véspera condizente com a manhã de hoje, em que os alunos dos diversos estabelecimentos de ensino da Vila fizeram o seu desfile de Carnaval, no qual a Matilde participou pela primeira vez.

Pai e mãe lá estiveram, babosos, fazendo festinhas às crias e, naturalmente, houve fotografias.



Collin Powel iniciou um périplo pelo Médio Oriente com o objectivo de fomentar a paz entre palestinianos e israelitas.
Estamos em plena contagem decrescente para o ajuste final de contas com o tirano de Bagdad.


Ontem, discretamente, uma notícia não identificada atribuía aos serviços secretos alemães a fonte da afirmação que dava o Iraque como capaz de produzir armas nucleares e químicas e, por volta de dois mil e cinco, de fazê-las chegar a distâncias que fazem da Europa um alvo potencial.

Estejamos atentos aos sinais.
No horizonte avistam-se quatro silhuetas de outros tantos cavaleiros.



Não querias coração? Santana Lopes a disputar a Câmara de Lisboa.
E tal como já acontecera ao Major Valentim que às autárquicas do Porto disse nim, também na Figueira surgiram milhares de assinaturas de munícipes reconhecidos que pedem uma recandidatura na sua cidade.
Obviamente, os nossos heróis lá farão o sacrifício.



Com José Pratas como árbitro, o resultado do próximo Benfica Boavista será zero a zero, pois é aquele que mais interessa ao Porto que naturalmente ganhará ao Marítimo, nem que o Ovchinikov tenha que jogar sem baliza. Se for necessário, o tal penaltie já está escrito nas estrelas.



Foram descobertas muitas ossadas de dinossauros, alhures, no Afeganistão.

Alhos Vedros
01/02/23
Luís F. de A. Gomes