2007-01-26

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

O pior legado do salazarismo foi a esquerda anti-democrática que temos e que tão perniciosas influências ainda exerce na sociedade portuguesa.
Vinte e cinco após o vinte e cinco de Novembro, os debates sobre os acontecimentos da época deixam perceber que muitos dos responsáveis poucos esforços desenvolveram para entenderem a essência de um regime democrático e, em consonância, como se solidificam os pilares fundamentais de uma sociedade com o mesmo cariz. Há quem mantenha a crença no mundo melhor que aquele golpe teria liquidado e se recuse a perceber que essa história da democracia de base é isso mesmo, uma história, em que, na realidade, mais não se consegue que a tutela mono-partidária para o conjunto do tecido social e que, de resto, essa expressão e capacidade inventiva das populações de que falam se prende à robustez de uma sociedade civil que só se estiver livre dos poderes de estado consegue adquirir a dinâmica e o distanciamento necessários à aconselhável postura crítica e afirmativa dos seus interesses e necessidades.

É isso que explica que hoje em dia se assista a uma tremenda destruição da pouca e débil cultura democrática que, entre nós, ainda assim, se tem vindo a formar e que, face a isso, ninguém manifeste a mínima preocupação, como se os males do mundo em que vivemos justificassem que o recusemos no seu todo e pudéssemos deixá-lo escapar pelo ralo do tempo.

E a verdade é que há máfias que estão a dominar e a submergir amplas áreas da sociedade portuguesa e que, ao acoitarem-se no aparelho de estado e o controlarem, estão a conseguir impor um modus vivendi em que as liberdades ganham a formalidade de não terem efeito quando chocam as conveniências de tão poderosos lobbies.


Hoje em dia já estamos a viver uma caricatura de democracia.



Fez ontem vinte e cinco anos que se pôs termo ao processo revolucionário em curso. Nove anos depois casei-me.
Ofereci à Luísa um óleo representando um ramo de jarros, bonita natureza morts que decidimos pendurar numa das paredes do nosso quarto.



Mas o vinte e cinco de Novembro era inevitável, as populações estavam exaustas com tanta agitação social e não há memória de nenhuma sociedade que tenha sobrevivido a longos períodos nesse estado.

Ainda bem que os militares moderados conseguiram manter as rédeas do poder e souberam evitar a insensatez daqueles que reclamavam uma caça às bruxas.
Se com três mortos ainda hoje as feridas estão tão abertas, com um banho de sangue estaríamos agora a pagar a factura de uma impossível reconciliação social.

Certamente não estaríamos melhor.



Há um cargueiro à deriva ao largo da Inglaterra. Apesar de todos os esforços para o rebocar até um porto seguro, existe ainda a possibilidade de um naufrágio.
Oxalá que tal não se verifique.
O porão está cheio de metais perigosos e tóxicos. Só de magnésio que reage violentamente à água, há várias toneladas em transporte.

Deus queira que não venha a acontecer um desastre ecológico que, neste particular, seria um dos grandes.


Bem, nesta matéria, por hoje já chega o fracasso a que se chegou, na cimeira de Haia, quanto à emissão de gases propícios ao efeito de estufa.


Da parte portuguesa é que nada havia a esperar; somos o país que ultrapassou as quotas de emanações que, já de si, eram as mais generosas dos países industrializados. O que, digo eu, está bem de acordo com a palhaçada de uma república com verdes no parlamento e ministérios do ambiente e do planeamento e que nem por isso se revela capaz de evitar os incêndios que todos os Verões teimam em reduzir a nossa manha florestal, quando até temos aí um dos sectores em que a nossa economia pode ser mais competitiva nos mercados globais.


Nesta história dos verdes, ora aí temos um dos episódios dos nefastos efeitos que uma esquerda não democrática exerce na sociedade.
É que o Partido Ecologista “Os Verdes” nada mais é que um satélite dos comunistas.



Na sexta-feira à noite, o Zé e a Isabel convidaram a Margarida e a Matilde para irem ao cinema na manhã do dia seguinte.
A mais velha, protestando o dever de não faltar à catequese, recusou, mas a irmã aceitou o convite.
E assim, a Matilde viu o “Grinch”, após o que almoçou em Lisboa com os amigos. Só regressou ao lar a meio da tarde.

De acordo com os adultos portou-se bem e tudo correu a contento.


Esta minha atleta pequenina já me entra pelo escritório a assobiar.



E também os hábitos se adaptam às novas condições de quem os tem.
Ao sábado, a leitura do jornal passou para a hora matinal em que decorre a catequese da Margarida.



Ontem, enquanto isso acontecia, a Luísa foi com a minha mãe para escolherem uma prendas de natal que os avós hão-de oferecer às netas.


E depois fomos todos almoçar ao Rosário.



Hoje é que foi um dia de preguiça. Jornais, um livro, conversas de café e em casa e ao fim da tarde jogos com as miúdas.



Agora que a noite caminha para o dia seguinte, vou ver o episódio dos “Ficheiros Secretos” da última segunda-feira.
É que amanhã há mais.

Alhos Vedros
00/11/26
Luís F. de A. Gomes

2 Comments:

Blogger Gi said...

Olá Luís,

Sabe, sinto-me sempre em falta consigo quando o leio e não comento. O que o Luís escreve é passado, se bem muitas das preocupações que tinha na altura ainda são, infelizmente, bastante actuais mas sabe que é um sacriício para mim escrever, já lho disse. Queria só que soubesse que partilho muitas delas, quanto ao resto não emito opinião, prometi a mim mesma que não iria escrever nada de política em blogs ou em qualquer outro lugar. posso acrescentar que na altura que escreveu estes textos também era fã dos ficheiros secretos, agora já estou um bocadinho farta :-)
Noite feliz
E um beijinho, se não se importa :O)

01:53  
Blogger o clube said...

Podemos não ver que o Anjinho lê mas sentimo-lo lá e sabemos que assim o faz e isso chega para nos dar uma razão -se nenhuma outra houvesse- para irmos publicando o desenrolar de um ano marcante nas nossas vidas. A Gi já tem muito trabalho com o seu próprio sítio e eu já lhe pedi o favor de me permitir que lhe coloque algumas questões sobre o "Intimidades" a que você anuiu. Portanto minha querida amiga, não faça da leitura destas minhas palavrinhas tontas nada mais que uns instantes bem passados se for o caso de isso acontecer que para mim é suficiente para me deixar cheio de vontade de partilhar consigo o resultado das minhas aventurazinhas pelos mistérios das letras. Nem lhe passa pela cabeça o que isso representa para mim.
Como é que me poderia importar?
Boa noite Gi, cheia de azul
Luís

21:23  

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