2007-06-15

O DIÁRIO DA MARGARIDA - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A DÚVIDA DA MARGARIDA

Pois bem, vamos lá então ver porque sou contra a eutanásia.

Quanto a mim a questão é simples e tem uma solução próxima daquela que eu escolho para o aborto, ainda que diferente da que reservo para o problema da pena de morte.
Se uso estes dois termos de comparação, não é porque esteja convencido da existência de relações implícitas entre estes temas, mas tão só pelo facto de me parecer que talvez isso contribua para, por um lado, uma exposição mais clara e ordenada das minhas ideias e, consequentemente, por outro lado, um melhor entendimento daquilo que pretendo dizer.
Começando pelo último dos temas referidos, a pena de morte, há uma razão concisa e precisa para que a rejeitemos, Trata-se da nossa condições de humanos, simples humanos, sujeitos ao erro, pelo que nunca estamos a salvo da possibilidade de condenarmos inocentes, falha irreversível que, na realidade, tem acontecido. Quer dizer que corremos o risco permanente de condenarmos e executarmos inocentes o que, para quem tome como um dado adquirido a infinita dignidade da condição humana, jamais pode ser um acto aceitável.
Quanto ao aborto, trata-se de interromper um processo que, em princípio, tende a dar origem a um outro semelhante. Na prática, temos uma rejeição apriorística de um mundo o que, de acordo com os pressupostos anteriores, volta a ser inaceitável.
Ora a eutanásia não está no domínio da possibilidade de erro, como a pena de morte e também não se enquadra numa recusa anterior à formação da humanidade, como no caso do aborto. É uma resposta a uma situação irremediável de sofrimento medicamente definido como insuportável. Seja como for, poder-se-à dizer que em todas as situações acontece um atentado à vida humana e, dessa forma, a não consideração da condição infinitamente digna que aquele, por natureza, tem. É este denominador comum que nos permite considerá-las num mesmo alinhamento.
Mas neste sentido, se a pena de morte estará sempre irremediavelmente chumbada, tal não sucede necessariamente com o aborto, possível de ser aceite sem que a dignidade da pessoa humana esteja definitivamente posta em causa. Já com a eutanásia o caso me parece, neste aspecto, um pouco mais complicado; não consigo entender como é que a sua materialização se possa fazer sem a violação desse princípio inegociável da infinita dignidade do Homem.

É neste ponto que eu sou contrário à ideia da eutanásia e se tivesse que a votar, por, qualquer motivo, estaria contra sem qualquer hesitação.

No entanto não estou tão certo quanto a saber se a questão não deverá ser colocada de outra forma.
Em primeiro lugar temos que admitir que a despenalização da prática da eutanásia, em situações rigorosamente definidas e controladas, não significa nem implica que aquela se torne obrigatória o que, desde logo, poria fim à discussão pela recusa liminar da ideia. Apenas se deixa de condenar criminalmente aqueles que ajudarem alguém a realizar uma vontade tão dolorosa.
Em segundo lugar, dificilmente poderemos refutar o argumento da manutenção da dignidade como justificação daquela escolha. Por outras palavras, um indivíduo pode chegar à convicção de que só a morte lhe poderá devolver o estigma em causa que as vicissitudes da vida lhe tenham eventualmente subtraído. Sublinhe-se que estamos a falar de um suicídio muito particular, cujo desejo se formula no âmbito de uma situação de total e completa perda da autonomia, concomitantemente a um processo de extrema e irremediavelmente crescente dor. Não é o caso de alguém, em condições de ser responsável, querer abdicar de estar vivo, desse jeito desbaratando e desrespeitando um dom que Deus lhe deu, o que faz com que o suicídio seja, à partida, uma hipótese excluída, razão pela qual não o usamos, anteriormente, como um outro factor de comparação.
Recordemos que a nossa rejeição se baseia na crença de sermos filhos de Deus.
Em conformidade, há espaço para a seguinte pergunta: teremos nós o direito de impor as nossas convicções religiosas a alguém? A resposta é negativa, pois de outra forma daríamos plausibilidade a todas as inquisições que já anoiteceram os espíritos dos homens.

Difícil seria então a minha postura se estivesse no lugar de um qualquer deputado holandês. É que em consciência, não me veria com capacidade para votar contra a proposta, sabendo que jamais a poderia subscrever, sequer contribuir, activamente, para aprová-la. Abster-me-ia. Deixaria que, se fosse essa a vontade da maioria, a medida passasse, mesmo que no meu desacordo considerasse errada a atitude em causa, quer pela parte do paciente quer pela do médico.

É o que se me afigura dizer sobre isto, contudo, reconhecer que não sei se estou ou não a deixar as portas abertas ao relativismo. Creio que não, mas, por enquanto, não estou plenamente seguro disso.


Talvez volte a reflectir nesta problemática.



Passam quarenta anos sobre a primeira vez que um ser humano viu a Terra a partir do espaço.
Yuri Gagarine, de seu nome, heróis soviético de um tempo que já não existe e herói da humanidade para todos os tempos.
Dele à estação espacial europeia vai uma distância tão grande como das galés romanas aos primeiro navios a vapor.

Andámos tanto em tão pouco tempo.


E não é curioso que eu seja já um homem da era espacial?


É que também faço parte do primeiro grupo de portugueses que cresceram com televisão em casa.



“-Pai, toque escreve-se com quê de leque (1) não é?”
“-Sim.”
“-Mas toca escreve-se com quê de cão.”
“-Sim. Mas vê lá se és capaz de perceber porque é que toca se escreve com quê de cão e toque com quê de leque.”
“-É por causa do som mais forte do toca?”
O silêncio de uma cabeça negante.
“-Então?”
Eu dei-lhe a pista da ligação entre as letras quê e e.
“-Ah! Já sei! É porque antes do e o quê tem que ser sempre o quê de leque, com o u, se não líamos tosse, não era?”
“-Pois.”
“-Se um menino escrevesse a frase, eu quero que ele toque no livro, mas se escrevesse com quê de cão, quando alguém fosse ler dizia, eu quero que ele tosse no livro.”

E o pai e a filha esboçaram de imediato um sorriso.



Volta à carga a incineração de resíduos industriais tóxicos. O Ministro José Sócrates diz que é para começar no próximo mês de Julho. Novamente a sociedade civil se manifesta em sentido contrário.
Quem tem razão? Provavelmente todos e ninguém; pessoalmente não sei decidir.
Mas aquilo que transparece é que não se encarou o assunto em profundidade. Afinal, tudo indica que se deveria ter optado pela solução de uma unidade criada especificamente para o efeito, logicamente com uma opção criteriosa pelo lugar mais apropriado.
Agora usar a cimenteira da Secil, na Arrábida, em pleno parque natural, para proceder à operação é que parece não lembrar ao diabo. E fazer o mesmo em Souselas, sem os devidos estudos sobre o impacto para a saúde das populações, mais nos aproxima dos decisores de um qualquer país pobre, onde não existam meios capazes de habilitarem à execução de uma tal análise prévia.
Caricatamente, o deputado Manuel Alegre, do partido do governo, fala em teimosia pessoal daquele membro do executivo.



Fecho os olhos com uma missa de Bach.
Lá fora, a infinitude cósmica.
Cá dentro, do peito, os inlimites da alma.

Alhos Vedros
01/04/11
Luís F. de A. Gomes

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá Luís

Se comentar tudo aquilo que gostava, nunca mais acaba.

Não tenho dúvida que não devo impôr os meus conceitos morais e, ou religiosos a ninguém.

Sei que, teoricamente, porque já tive grandes dores, mas nunca as insuportáveis, que não pediria, não faria a eutanásia.

Já uma vez fiz um post sobre a eutanásia.
Era para fazer, hoje, outro. Estava na dúvida, quando dei por este teu.
Ontem vi um documentário, que sabia ia passar na RTP2, sobre uma associação EXIT de origem Suíça francófona.
Agradou-me a parte clean do processo.
Ouviram-se vários telefonemas de diversas pessoas, par se tornarem membros da associação, ou por já estarem com doenças terminais, ou por acabarem de saber que tinham um cancro e que mais tarde ou mais cedo iriam necessitar da morte assistida.
Nesta associação de escrupulosa ética, devido à legislação em vigor, funciona só com voluntários, que dão assistência aos seus membros, tanto em cuidados paliativos, como na assistência na morte.
Os assistentes são quase todos reformados, porque têm de ter uma disponibilidade imensa. Vê-se que sofrem quando chega a etapa da morte assistida.

Não gostei da facilidade da lei Suíça, apesar de nunca se ter falado dela, mas por aquilo de que nos apercebemos durante o documentário.
Funciona lá, porque os suíços são de uma enorme educação cívica. Dificilmente funcionará tão bem, noutro qualquer lugar.

Não gostei da facilidade das razões, pelas quais se pode pedir uma morte assistida. Vimos uma senhora que talvez tenha tido um AVC, que tinha dificuldade em falar, mas que não estava totalmente dependente, a pedir e a conseguir a morte assistida, porque não queria ir para um lar.

Se tiver tempo, venho logo, comentar o resto.

Desculpa o comentário enorme. Espero que não te tenha maçado.


Que o fim de semana seja de felicidade.


Marta

14:40  
Blogger o clube said...

Ora viva Marta que bom é ver-te aqui, nem calculas quanto fico radiante.

Qual maçar, minha cara e adorei o enorme do teu comentário, pois já reparaste que os blogues servem precisamente para isto, para que conversemos sobre os mais variados assuntos? Fiquei todo contente, com as tuas palavras que mais uma vez me prestam informação que não possuia antes -não és tu que te ris quando digo o quanto te estou reconhecido e que não sabes o que tenho aprendido contigo? Pois aí tens...
Mas é como dizia no texto, pouco ou nada tinha então reflectido sobre o assunto e depois disso não voltei a abordá-lo, pelo menos que me recorde, nem numa simples conversa.
Não conheço, repito, os casos de que me falas e gostaria de ter visto o documentário que referes. Por acaso não o gravaste e nem terias forma de o digitalizar caso o tivesses feito, pois não? É que dessa forma poderias enviar-me uma cópia, não seria assim?
Pois é precisamente por não podermos impôr princípios religiosos a ninguém que tenho dificuldade em me manifestar sobre o assunto. Mesmo que tentasse, não me creio capaz de conseguir o distanciamento para ver o assunto sem que fosse a partir daqueles.

A vida é tão bela, Marta, há tantos exemplos das mais coloridas pétalas no meio das lamas do sofrimento.
Conheces "Se Isto É Um Homem" de Primo Lévi? Narra a experiência dele em Auchwitz Birkenau, um dos cenários da Shoah. É um testemunho que nos deixa profundamente perturbados pela distância em que o Autor se consegue colocar para nos descrever a vivência do indizível e não é que no meio da arbitrariedade mais atroz havia aqueles que conseguiam manter a sanidade mental de serem capazes de, ainda assim, manterem acesa a centelha da humanidade que tão monstruosamente lhes haviam roubado a todos?

Ora e é isso que me dificulta o tal distanciamento que teria que conseguir para avaliar este problema da eutanásia sem ser de acordo com os princípios de vida em que fui educado.

Bem, não te empato mais e só não vou já de imediato ao teu blog porque fui chamado para dar assistência técnica à construção de uma ampulheta para um trabalho escolar da Margarida, o meu amorzinho mais velho.

O mesmo para ti, Marta

Luís

17:06  
Anonymous Anónimo said...

Luìs, não tens aí um comentário meu?
Hoje por aqui, tenho de escrever duas vezes cada um deles.

01:04  
Blogger o clube said...

A que comentário te referes Marta?
Por publicar só tenho este.
Enviaste algum outro? Se assim foi, por qualquer motivo não chegou.
Mas omeu amigo Rui já perdeu um, na primeira e única vez que comentou. Provavelmente aconteceu o mesmo contigo. No caso dele, chegamos à conclusão que não tinha feito as letras da senha de controle. Não terá sucedido o mesmo contigo?
Seja como for, se se perdeu algum comentário fico imensamente triste. É tão boa a tua presença...
Por acaso não serás capaz de o repetir?

Um beijo de boas noites com sonhos de arco-iris

Luís

01:35  
Anonymous Anónimo said...

Olá Luís

Este 1º também tive de o repetir.
Ainda por aí estavas a eesa hora.
Por acaso já reparaste que o de cima está a duplicar? Se calhar também sou eu que ainda não li tudo.

Penso que tinha dito mais coisa menos coisa isto:

Não gravei o documentário Luís, desculpa.
Já há muito que me recuso a ler o que quer que seja, sobre a 2ª guerra mundial, e ainda menos sobre o que se passou nos campos.
Penso que desde os 16 anos.
Na altura por causa de um livro, de que já não me lembro do nome, mas que ainda o sei, praticamente, linha por linha, ainda hoje me provoca pesadelos, além de ter desesperado da humanidade.
Foi difícil, doloroso reaprender a acreditar em Nós.
Fiquei a saber o que há para saber, não me interessa mais nada.


Ainda bem que ainda não conversávamos nos dois tempos do aborto. Estivemos de lados diferentes.
Não sou a favor do aborto. Ninguém com sanidade mental o é, ainda menos uma qualquer mulher.
Quanto à despenalização, liberalização, é toda uma outra conversa, bem diferente.

Quanto aos resíduos industriais tóxidos, e apesar de todo este tempo que já passou, resultou em mais uns anos com ós resíduos a céu aberto, o que acho muito mais vergonhoso.
Tu não achas que seria um desperdício do pouco dinheiro que temos, mandar fazer estudos, que já foram feitos, eventualmente mais bem feitos do que nós faríamos, por vários países muito mais avançados do que nós, e que já o fazem há uma quantiddade de anos.
Tu não vês que sempre que o estado, qualquer estado, português evidentemente, decidir qualquer coisa que seja contra poderes instalados, haverá sempre chicana política? Mas alguém quer saber a "razão de" ou se mesmo é bom ou mal?
Faz-se chicana.
Mas tu julgas que foram as populações, por sua alta recriação, que se lembraram de contestar?
E agora com os centros de saúde e com as maternidades, tu julgas que as populações não têm sido manipuladas?
E então, nós que vamos para os hospitais privados, alguém se queixa aqui de Sintra quando vai, por exemplo, para o Hospital da CUF Descobertas, em hora de ponta e demora perto de duas horas a lá chegar.


Desta vez, sou mesmo eu que te estou a maçar.

Beijinho Luís.

11:27  
Blogger o clube said...

Olá Marta, se só estou agora a inserir o teu comentário e a responder a ele tão só se deve ao facto de só agora ter regressado a casa, depois de uma tarde de cinema com a Matilde e uma jantarada de pizza ao cair da tarde.

Pois bem, nesse caso maça-me mais que eu gosto.

Como assim, desculpa? Hoje aconteceu-me precisamente a mesma coisa comigo no teu blog. Tinha lá ide de manhã, depois de responder ao teu mail e fiz um comentário sobre aquilo de disseste sobre a tradição judaico-cristã mas devo ter feito qualquer coisa mal pois ao tentar publicar o comentário, não só não chegou ao destino como se apagou da caixa em que o tinha feito; resultado, como estava em cima da hora do almoço, fiquei desolado e sem ter dito aquilo que te queria dizer.
Mais daqui a nada conto reparar a falha.

Naturalmente respeito essa tua vontade. Como deves calcular, o indizível -para lá da oração, da dor e da perplexidade que me provoca, a ponto de ter chorado na Pink Sinagogue, em Praga, perante um dos seus testemunhos e de me ter arrepiado até essas mesmas lágrimas, sempre que lá voltei- é para mim matéria de reflexão a que não consigo escapar. Mas, perante ti, guardo para mim os meus pensamentos e informações sobre aquele.

Atenção que eu não aprovo o aborto -como o poderia fazer?- e parece-me que isso é claro no que escrevo.
Só não incrimino e não me parece que isso seja possível de fazer. Há mesmo certas condições em que aquele é aceitável para salvaguarda da vida ou da dignidade da mulher que prevalece sobre a potência que traz dentro de si. Nessas situações temos mesmo que admitir que ele possa ser uma escolha e não consigo aceitarque as leis o estigmatizem criminalmente.

Quanto aos resíduos industriais tóxicos tens razão. Vês a coisa com mais sensatez do que eu vi quando escrevi este texto que, mesmo tendo evoluido e deixando de concordar com o que tenha escrito, deverá sempre manter a forma inicial, pois foi a ideia que esbocei quando estava a realizar este diário.
De facto poder-se-ia ter começado com a co-incineração ao mesmo tempo que se investiria numa central -convenientemente localizada- em que a operação pidesse ser realizada com os menores riscos para a saúde das populações envolventes. A verdade é que maneira como a coisa foi feita, teve o resultado de continuarmos com aqueles materias a céu aberto o que, provavelmente, se não for pior, melhor não é de certeza.
Vês, como aprendo contigo?
E concordo com o que dizer sobre a manipulação das populações e os interesses instalados. A este nível, importa que sejamos sempre capazes de manter a lucidez para conseguirmos distinguir o que é séria reinvidicação popular de orquestrações montadas por grupos de interesse que se servem da retórica sobre o bem estar das populações ou dos problemas de ordem ecológica para imporem os seus ditames e conveniências.
É esse um trabalho de cidadania a que estas conversas muito ajudam, não te parece?

Repito o que disse de início.

Beijinho, Marta

Luís

22:55  
Anonymous Anónimo said...

Lindinho!

o teu post sobre o diário da Margarida, do dia 12, se não estiver enganada, está a dobrar.

Beijinho

Marta

10:48  
Blogger o clube said...

E estava, Marta e mais uma vez te devo agradecer a atenção com que me tratas. Já apaguei a repetição.´

Um beijinho mais uma vez obrigada, Marta

Luís

11:33  
Anonymous Anónimo said...

Olá!

há um bocado, estava mesmo sem tempo para te responder.

Penso que não tenho muitos tabus, embora seja nalgum,poucos, assuntos fundamentalista.
Sobre a 2ª guerra mundial, sobre tudo o que lá se passou, falo, discuto, enfim, o que é normal.
Vejo alguns filmes, outros não.
O que te estava a querer dizer, é que não tinha lido o livro e tentei explicar a razão.
Sei que às vezes sou concisa de mais, porque parto do principio, inconscientemente, que os outros hão-de perceber o que vai na cabeça. Maluqueiras.
Recusei-me a ver "a Lista de Schindler" (estará bem escrito?)porque não consigo ver nem ler. É como se estivesse a passar naquele momento e eu fizesse parte da história.
Não consigo distanciar-me.
Mas o "meu" foi vê-lo e contou-mo e falámos sobre isso.
Não é para não falares, era para dizer que não tinha lido.

Quanto ao aborto, fiquei com a impressão que terias votado no "não" à despenalização.

Também penso que num post, que são sempre datados, não se deve alterar o conteúdo, mesmo que se venha a mudar de opinião.
Uma coisa é a forma, outra é o conteúdo.

Beijinho

Marta

14:34  
Blogger o clube said...

Viva Marta

Está bem escrito o nome do homem que acabou por ser enterrado em Israel comoo um justo.
O filme que lhe narra a odisseia do indizível é um documento impressionante que me deixou arrasado. Comentei-o no primeiro diário -o relativo ao primeiro ano de vida da Margarida. Na altura a minha estava a lutar com um cancro e tudo na minha cabeça se confundia, o júbilo pela Margarida e ao mesmo tempo a horrível tristeza pela minha mãe e naquela noite, a confrontação com a nossa pequenez e impotência perante o totalitarismo mais violento e atroz. Enfim... Malhas que a nossa infinita solidão tece.

Em consciência não o poderia ter feito, pois a vida da mulher sobrepõe-se e há casos em que manifestamente só por a maior crueldade não admitiríamos a possibilidade de a mulher decidir recusar um feto -que não uma criança.
Dificl seria restringir essa condição de liberdde a determinadas ocorrências -quem as decidiria? Poderia haver unanimidade em taloperação?- pelo que o mais sensato será deixá-la em aberto a todos e depois, se bem que estejamos a falar de uma vida em potência, a ciência não tem como decidir o momento exacto em que ela, em termos humanos, começa e depois é sabido que naturalmente aquela não sobreviveria fora da sua relação com o organismo materno. Daí que não possamos condenar aquelas que escolhem não continuar a gravidez, obviamente até um determinado período que no caso português das dez semanas me parece adequado.

Mais logo conto visitar-te para comentar o teu post sobre a flexi-seguraça que me parece estar cheio de interesse.

Um beijinho, Marta

Luís

19:17  

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